A Polícia Federal vai ouvir o senador Aloizio Mercadante, candidato do PT derrotado ao governo de São Paulo, no inquérito sobre o dossiê Vedoin. A PF avalia apenas o momento adequado – se o chama para depor antes do segundo turno da eleição presidencial, ou depois, esta a hipótese mais provável.
A preocupação é não permitir que a PF seja acusada de agir por interesse político. O motivo da convocação do petista é que um dos suspeitos da tentativa de comprar um dossiê que incriminaria o hoje governador eleito José Serra é Hamilton Lacerda, ex-coordenador de sua campanha. Mercadante desligou Lacerda ao saber da trama, mas a PF trabalha na linha de que ele seria beneficiário do impacto que o dossiê poderia ter na candidatura de Serra.
O senador não descartou a hipótese de depor. ?Se a PF entender que tenho alguma informação importante a contribuir, estou à disposição. Ninguém mais do que eu tem interesse em que isso se esclareça o mais rápido possível, para ficar demonstrado que eu jamais me associaria a um fato como esse?, afirmou. ?Estamos num momento eleitoral, acho que esse tipo de procedimento tem que ser muito cuidadoso para que não haja instrumentalização política.
A PF não vai, por enquanto, pedir a prisão de ninguém. O delegado Diógenes Curado, que preside o inquérito, marcou para a próxima sexta-feira o depoimento do presidente afastado do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e o do empresário Abel Pereira.
Berzoini tem dito que não incentivou nem concordou com a tentativa de compra do dossiê, mas a PF quer ouvir suas explicações. Abel foi apontado pelo chefe da máfia dos sanguessugas, Luis Antônio Vedoin, como facilitador da liberação de verbas na gestão do ex-ministro da Saúde Barjas Negri, no governo FHC.
Berzoini disse estar à disposição da PF e ressaltou que esperava a convocação desde o início do escândalo. ?É natural. Desde o começo eu já contava com essa providência da PF.? Ele não confirmou, no entanto, a data em que falará à PF.
Como parlamentar, Berzoini tem o direito de agendar, de acordo com suas preferências, a data e local do depoimento. O petista também preferiu não antecipar o conteúdo da conversa que terá com a PF. ?Depoimento a gente guarda para o depoimento.
Em nota, Mercadante acusa a oposição de orquestrar um esquema para comprometer os resultados do segundo turno. A íntegra da nota:
"Nota do Senador Aloizio Mercadante sobre as notícias veiculadas nesta noite (quarta, 11/10/2006) sobre um eventual depoimento seu à Polícia Federal. O senador Aloizio Mercadante informa.
. A mesma informação, atribuída a uma fonte sigilosa, foi divulgada no final do primeiro turno com o objetivo de interferir no resultado das eleições, prejudicando sua candidatura ao governo de São Paulo.
. Desde o início das denúncias, o senador tem manifestado seu interesse em esclarecer este episódio do dossiê e, por isto, esteve, e está, sempre à disposição para colaborar com as investigações.
. O senador reitera que não teve nenhuma participação neste lamentável episódio e que não foi informado sobre sua execução. E jamais se associaria a esta prática que sempre condenou em seus 30 anos de vida pública.
. O senador relembra que, logo que surgiram os primeiros indícios de participação de Hamilton Lacerda neste episódio, o assessor foi afastado de todas as suas funções. Em nota pública e em depoimento à Polícia Federal, Lacerda afirmou, primeiro, que o senador não tinha conhecimento das ações do assessor, e, segundo, o assessor sabia que o senador jamais concordaria com estes procedimentos.
Assessoria de Comunicação do Senador Mercadante".


