Polícia encontra mais uma bazuca em favela do Rio de Janeiro

A polícia apreendeu hoje uma bazuca de origem sueca no Morro do 48, em Bangu, zona oeste do Rio. Foi o quarto armamento como esse encontrado em favelas da zona norte e oeste em uma semana. O diretor do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense e especialista em armas, Ronaldo Leão, disse que os armamentos encontrados são apenas “cascas” das bazucas, não são recarregáveis e podem ter sido obtidos pelos traficantes em depósitos do Exército, depois que os lançadores foram usados em treinamento militar.

Policiais do 14.º Batalhão da PM investigavam a denúncia de um paiol no Morro do 48 e foram recebidos a tiros por traficantes. Os criminosos fugiram e deixaram para trás a bazuca 83 trouxinhas de maconha, 38 papelotes de cocaína e farda do Exército. O lançador tem a mesma origem e número de série – F1328905160 – do que foi encontrado na véspera, no Morro do Sapo também em Bangu.

O delegado de Bangu, Nerval Goulart, explicou que traficantes do Morro do Rebu invadiram a Favela do Sapo e se apoderaram do paiol que lá encontraram. “Acredito que todas as bazucas pertençam à mesma facção criminosa. Estou encaminhando cópias dos inquéritos para a Drae, para que a procedência seja apurada. Mas parece que elas são das Forças Armadas”, afirmou Goulart. Em sete dias a polícia apreendeu bazucas no Complexo do Alemão, no Jacarezinho e duas em Bangu.

Ronaldo Leão explicou que esses armamentos são descartáveis. “Usou uma vez, joga fora. Depois de usado, o rojão deixa deformações e microfraturas no lançador, que pode explodir se for recarregado”, explicou. O especialista acredita que as bazucas foram usadas em treinamento das Forças Armadas e as “cascas”, jogadas fora. “De alguma forma os traficantes tiveram acesso a esse material descartado e estão usando a casca para assustar policiais e rivais”, afirmou.

Leão explicou ainda que a munição apreendida junto com um lançador no Morro do Sapo, quinta-feira, é obsoleta. “O rojão é antigo e não é compatível com aquele tipo de bazuca”. Ele garante que não há registro disparo feito por bazuca no Rio de Janeiro.

“Se um rojão desses acerta um Caveirão (carro blindado do Batalhão de Operações Especiais), os 12 policiais que estiverem ali vão caber num cinzeiro. Não é uma coisa que se esquece”.

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