A Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas prendeu, nesta quarta-feira (4), parte de uma quadrilha que deu um prejuízo de pelo menos R$ 200 mil a dois empresários de Curitiba. Quatro homens estão presos e dois estão foragidos. Eles foram surpreendidos durante cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão temporária. A polícia esteve em dois endereços em Curitiba, nos bairros Tingüi e Água Verde e em um endereço em Pinhais, na Região Metropolitana.
“Eles venderam uma carga inexistente de produtos eletrônicos e de informática. Infelizmente, uma dupla de empresários acabou no prejuízo. Mas fomos informados do golpe, investigamos o caso e acabamos prendendo a quadrilha”, explicou o delegado Marcus Vinícius Michelloto, titular da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas.
O que chamou a atenção no golpe é que a quadrilha, formada por, pelo menos, seis pessoas, das quais duas estão identificadas e devem ser presas a qualquer momento, é que o bando se dividia em duas frentes para agir. “Eles eram os golpistas e, ao mesmo tempo, se passavam por policiais civis para supostamente investigar o crime”, disse o delegado.
Michelloto explicou que, enquanto parte do bando negociava a carga inexistente, a outra se passava por policiais do Cope para “esclarecer” o crime. Segundo o delegado, os que ofereciam a carga exigiam o dinheiro em espécie. Os outros, que se passavam por policiais, também exigiam dinheiro, mas para fazer o levantamento do caso. “Dessa forma eles monitoravam todos os passos das vítimas, o que fez com que os empresários estivessem à mercê de bandidos o tempo todo”, concluiu o delegado.
Denúncias
A polícia chegou até a quadrilha a partir da queixa das vítimas. Os dois empresários que estavam sendo extorquidos desde o início do ano, mas apenas há dois meses procuraram a delegacia especializada. Um dos acusados presos é Marcos Antônio Quelhante, 33 anos, natural de Cascavel, que já responde a processo criminal por estelionato. A polícia também prendeu os irmãos Haélcio Leandro Barilli, 21, natural de Pinhais, que também tem passagem por estelionato, e J.M., 28, de Curitiba, que até então não tinha ficha criminal. O líder do bando, que já está com a prisão preventiva decretada, foi identificado como Adelei Fressatto. Ele não estava nos endereços onde a polícia cumpriu os mandados, mas já está com a prisão decretada.
Numa das casas, foi encontrado Israel Farias de Oliveira, 22, natural de Curitiba, acusado de envolvimento no golpe conhecido como “Golpe do Chute”. Como não havia mandado de prisão contra ele, o rapaz foi ouvido, indiciado e liberado. Outro integrante da quadrilha, que está foragido, é Aroldo Barilli Júnior. Outro fato que os policiais não deixaram de observar durante a operação que resultou nas prisões, foi a localização da placa de um carro roubado em Curitiba no dia 22 de setembro. A placa AJA-3303, de um Fiat Brava, estava na casa de Haélcio Leandro Barilli. Todos os presos foram indiciados por formação de quadrilha e estelionato e Haélcio também deverá responder a processo por receptação de veículo roubado. Marcos, Haélcio e J.M. vão ser encaminhados ao Centro de Triagem, em Piraquara.
Segundo as investigações, Adelei Fressatto teria sido quem atraiu a dupla de empresários para a venda da carga que não existe. De uma das vítimas ele extorquiu R$ 115 mil e, da segunda vítima, conseguiu R$ 85 mil. “Esse golpe foi consumado em junho, mas o negócio foi iniciado no começo do ano”, disse Michelotto. Depois desse primeiro contato, quem entrava em cena era Marcos Antônio Quelhante. “Ele se intitulava filho de delegado da Receita Federal e dizia ter bom relacionado com integrantes do Tribunal de Justiça e do Ministério Público, onde prometia uma suposta liberação da carga inexistente”, explicou o delegado.
Na seqüência, quando os R$ 200 mil já tinham sido entregues, apareciam Haélcio Barilli e J.M.. Junto com Israel Oliveira, eles seriam os “salvadores”. “Estes se intitulavam policiais do Cope e extorquiam as vítimas, mas desta vez para investigar o crime”, completou Michelloto. “Era a manutenção do golpe. De um lado, o negócio, de outro, a polícia investigando. O que os dois empresários que caíram no golpe não contavam é que todos faziam parte de uma quadrilha”, disse o delegado.


