Polícia de Portugal prende 234 suspeitos de imigração ilegal

Lisboa – Foi a maior operação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal contra a imigração clandestina num só local. No domingo, no restaurante de rodízio Búfalo Grill, no Jardim Zoológico de Lisboa, cerca de cem policiais, alguns com capuz, armados com metralhadoras e acompanhados de cães, exigiram a identificação de mais de 500 pessoas que participavam de uma roda de samba. Os policiais levaram 234 suspeitos de imigração ilegal – 90% deles são brasileiros, mas havia no grupo africanos de países como Zimbábue e Cabo Verde – para o Serviço de Estrangeiros, onde 12 ficaram detidos. O restante foi notificado de que tem prazo de 20 dias para deixar o país.

"Eram quase 20 horas. Eu estava no pagode, fui ao banheiro e, quando saí, vi as meninas que trabalham no bar chorando. Eu estava sem o passaporte e então apresentei o documento da segurança social", contou a brasileira Léia Ferreira. Como não tem os papéis em ordem em Portugal, ela decidiu abandonar a roda de samba semanal. "Trabalho todos os dias como empregada doméstica. Era a única diversão que eu tinha adoro dançar. Agora não vou mais."

No restaurante, que ficou fechado segunda e terça-feira (dias 20 e 21), ninguém fala oficialmente. Mas o pessoal da casa se defende, dizendo que clientes fizeram uma festa e eles não são responsáveis se os presentes estão ilegalmente no país.

O brasileiro Adalmo Ricardo, que trabalha em uma barraca de sanduíches ao lado do restaurante, conta outra versão. "O restaurante está em briga na Justiça com a administração do Zoológico. Há uns três meses eles alugaram metade do restaurante para um pessoal que organiza o pagode todos os domingos. Nesses três meses, só duas ou três vezes não houve briga ou confusão."

Segundo Ricardo, foi a própria administração do Zoológico que pediu a blitz para usar como argumento nos tribunais. Além do Serviço de Estrangeiros, participou da ação a Inspeção Geral de Atividades Culturais, que apreendeu 300 CDs piratas de pagode no local.

Segundo Heliana Bibas, presidente da associação de imigrantes Casa do Brasil de Lisboa, a blitz é mais um sinal do aumento da perseguição por parte do Serviço de Estrangeiros aos cidadãos do Brasil. "Na sexta-feira temos música ao vivo e colocaram um pelotão do outro lado da rua da nossa sede, fazendo uma barreira, numa operação de intimidação", afirmou. "Vamos falar com o embaixador, com o Ministério da Justiça e o das Relações Exteriores por causa dessa caça aos brasileiros."

No Consulado do Brasil em Lisboa a situação é considerada "preocupante". "Não é a primeira vez que estouram locais onde há brasileiros. Por enquanto, estamos seguindo o assunto e comunicamos o Itamaraty", disse o cônsul Júlio Cezar Zelner Gonçalves.

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