A discussão do aumento salarial dos parlamentares arranhou a candidatura à reeleição do presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Aliados de Rebelo avaliam que o candidato ficou fragilizado com a defesa do aumento para R$ 24,5 mil. "Aldo terá de reunir os amigos e planejar este mês de janeiro. Ele continua sendo o nosso candidato", afirmou o deputado Renato Casagrande (PSB-ES), um dos articuladores da candidatura de Rebelo. Na avaliação de aliados, o desgaste público do presidente da Câmara interferiu internamente na sucessão na Casa

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Rebelo, que poderia ter dividendos internos na defesa de um interesse corporativo, acabou se desgastando junto aos seus companheiros e externamente. "Ele, agora, deve passar por um momento de reflexão", disse Casagrande. O líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ), sustentou que Rebelo foi corajoso ao defender uma proposta salarial que era da maioria da Casa. "Na sociedade, pegou mal, e ele sofreu desgaste. Internamente, por defender o que decidiu a maioria, ele não se enfraqueceu", avaliou Alencar

O adversário, o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), ganhou terreno na disputa pelo comando da Casa. Chinaglia conseguiu avançar nos apoios na bancada do PMDB com o compromisso assinado pelo presidente interino de seu partido, Marco Aurélio Garcia, de dividir entre os dois partidos os próximos quatro anos do comando da Câmara. Além disso, a candidatura de Chinaglia ganhou fôlego nesta semana com o apoio de um grupo de deputados do chamado Movimento Câmara Forte. Esse grupo é o mesmo que tentou eleger em 2005 para a presidência da Câmara o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), que se lançou na disputa contra o candidato petista Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), escolhido pela bancada do partido. A divisão acabou facilitando a eleição do ex-deputado Severino Cavalcante (PP-PE)

"Queremos mudança na Câmara", afirmou o deputado João Leão (PP-BA), um dos integrantes do grupo. Segundo ele, o Movimento Câmara Forte reúne 117 deputados. Hoje, o grupo se reuniu em um almoço na casa do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), mesmo local de um jantar realizado na semana anterior. "Era um jantar suprapartidário com a presença de diversos líderes. Não era um jantar do Câmara Forte", afirmou Chinaglia.

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Aliados do petista entendem que conseguirão apoio de praticamente toda a bancada do PMDB, porque o acordo entre as bancadas prevê que o PT vai ceder aos peemedebistas os cargos a que tem direito na Mesa Diretora em troca da presidência. Com isso, o PMDB poderá indicar três deputados para a Mesa, composta de sete titulares e quatro suplentes. A eleição para as presidências da Câmara e do Senado será no dia 1º de fevereiro, depois da posse dos parlamentares eleitos em outubro último. A votação é secreta.