O PMDB condicionou a indicação de seus quatro representantes na CPI do Apagão Aéreo à nomeação de seus quadros para o segundo escalão. De acordo com informação de líderes de partidos da base do governo, o PMDB fez duas listas para os seus quatro titulares e quatro suplentes. Numa, constariam os nomes de parlamentares que seriam mais rígidos com o governo; noutra, os de deputados menos exigentes.
"O que posso dizer é que o PMDB tem segurado muita coisa por causa da nomeação do segundo escalão", disse o líder do PR, Luciano Castro (RR). "O PMDB de Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro vai agir unido. Se não for atendido o pleito de um, o outro se sentirá também prejudicado", afirmou o deputado Carlos Willian (PTC-MG), que é ligado ao ex-governador Anthony Garotinho, do PMDB fluminense. O PMDB de Minas quer uma diretoria da Petrobrás; o de Goiás, a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil; o do Rio, a presidência de Furnas.
O deputado Tadeu Filippelli (DF), vice-líder do PMDB, afirmou que seu partido não está envolvido numa tentativa de chantagem contra o governo por causa dos cargos do segundo escalão. "Em nenhum momento eu soube disso. Para mim, é uma vergonha uma desconfiança dessas. Não há nada disso, porque nem daria tempo de o governo atender". Por causa da confusão provocada pelas desconfianças contra o PMDB, o PT suspendeu a indicação de seus integrantes. O líder Luiz Sérgio anunciou que só amanhã vai entregar os nomes dos quatro titulares e quatro suplentes.
O líder do PT, Luiz Sérgio (RJ), contou ainda que tentou trocar com o PMDB o cargo de relator pelo de presidente. Mas o parceiro não quis fazer o negócio. "A presidência cabe ao PMDB e o cargo de relator ao PT. Disse ao PMDB que não teria problemas em fazer uma troca, mas fui comunicado hoje que eles preferem a presidência. Então, vamos ficar com a relatoria".
Controle
Apesar da maioria numérica folgada do governo na composição da CPI – 16 aliados da base contra 8 de partidos de oposição – o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), evita qualificar a CPI de governista. "Não acredito em CPI chapa-branca. Todo mundo sabe como uma CPI começa, mas não sabe como termina", afirmou, repetindo uma frase que todo parlamentar pronuncia quando fala de CPI.
Fontana, no entanto, contrariou Chinaglia e disse que a CPI ficará sob o comando do governo. "O governo não vai permitir que se crie um ambiente de fim do mundo, como se criou na CPI dos Bingos", disse o vice-líder.