A Petrobras suspendeu todos os investimentos na Bolívia, mas não tem como abrir mão de investir o mínimo necessário para a manutenção da produção do gás natural enviado ao Brasil, informou hoje em entrevista coletiva à imprensa o diretor de Abastecimento e Refino da estatal, Paulo Roberto Costa. Após participar de inauguração do Centro de Integração do Comperj, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Costa conversou com os jornalistas sobre a Bolívia e disse que "não há clima para manter qualquer investimento no país".
"A intenção da Petrobras era de ficar com a parte minoritária das duas refinarias que possui na Bolívia e com a gestão dessas unidades. Mas a posição tomada pelo governo boliviano de que todos os derivados deverão ser negociados pela YPFB forçou a Petrobras a tomar a decisão de deixar de atuar no refino lá", disse o diretor, lembrando que a companhia fez uma oferta na noite de ontem ao governo boliviano pelo controle das duas refinarias. Costa não revelou o valor da proposta.
Segundo ele, caso a Bolívia não aceite o valor, a Petrobras realmente vai levar a decisão à arbitragem internacional. "Isso não ilegal. Está previsto no contrato e o que estamos fazendo é apenas seguir as regras assinadas no contrato".
Indagado por jornalistas se a Petrobras havia se surpreendido com a atitude do governo boliviano, o diretor comentou que "não foi exatamente uma surpresa", já que a possibilidade de controle da comercialização dos derivados passar para a YPFB já constava no primeiro decreto boliviano sobre o assunto, de 1º de maio de 2006.
Ele salientou, porém, que a decisão não envolve apenas as duas empresas petroleiras, mas sim os interesses em comum de dois países. "Não há como prever qual será a decisão de um governo, com seis meses de antecedência, mas há uma relação entre governos. E o governo brasileiro e o boliviano têm muitos outros interesses que não apenas o gás natural", comentou.
Indagado ainda na entrevista se havia faltado ao governo brasileiro uma postura mais forte em relação ao tema, Costa amenizou lembrando que "a situação é muito mais complexa e não dá para olhar apenas sob um ponto de vista".
O diretor disse ainda que "o que a Petrobras poderia ter feito em termos de buscar alternativas ao abastecimento do país, já foi feito". "Estamos com o Plangás em andamento em ritmo super ultra acelerado. Não dá para acelerar mais do que isso", afirmou.


