Petrobras pode contratar navios em caso de crise com Bolívia

Apesar de afastar o risco de desabastecimento de gás por causa da crise com a Bolívia – de onde são transportados diariamente para o Brasil 27 milhões de metros cúbicos de gás -, a direção da Petrobras já começou a estudar alternativas de suprimento em caso de emergência. Uma delas é o afretamento de "navios gaseiros", informou o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.

Esta possibilidade lembra a contratação, em 2001, na época do racionamento de energia elétrica, das térmicas móveis, pequenas centrais geradoras dispostas em contêineres, que poderiam suprir a falta de eletricidade em cidades ou plantas industriais. Estas usinas foram contratadas, mas não chegaram a ser usadas.

O aluguel diário de um navio regaseificador (onde o produto é transportado em forma de líquido e depois passa a gás novamente), segundo estimativas de especialistas do setor, está hoje em torno de US$ 100 mil por dia. E, por desenvolverem um processo que representa um grande risco ecológico, a obtenção de licença ambiental para autorizar a atração de uma embarcação deste tipo não é tarefa fácil.

"Estamos estudando o GNL (gás natural liquefeito, que é transportado nos navios) na medida que for possível, Mas é pontualmente, temporariamente", informou Gabrielli, descartando a possibilidade de montagem de uma unidade de regaseificação no Nordeste, que já foi comentada no mercado e cujo custo hoje está em torno de US$ 300 milhões.

Gabrielli salientou que a contratação de navios é apenas uma possibilidade, não uma decisão já tomada pela empresa. "Estamos discutindo outras possibilidades. Navio de regaseificação é uma delas. Seria um afretamento temporário, por dois ou três meses. No caso de um eventual problema, se pode recorrer a ele (navio). Hoje existem no mercado internacional alguns navios que fazem este tipo de serviço. Chamam-se navios gaseiros grandes. Se faz um contrato stand by. Há um período com certa antecedência para programar a vinda (da embarcação) conforme a necessidade."

O presidente da Petrobras lembrou, porém, que o contrato do gasoduto Brasil-Bolívia prevê o transporte de até 30 milhões de metros cúbicos de gás até 2019 e, para ser alterado, é necessária a concordância do governo boliviano e da estatal.

Ele comentou que o preço do gás hoje no Brasil está baixo e disse que a empresa está aberta a negociações, mas acentuou que há dois anos a situação era inversa, pois, por força do acordo com a Bolívia, a Petrobras pagava pelo transporte de 24 milhões de metros cúbicos e só trazia 14 milhões, porque não havia mercado demandador.

"Lançamos um programa de massificação do uso e seguramos o preço doméstico para estimular o crescimento. Estávamos pagando 10 milhões de metros cúbicos de gás sem usar. Saímos de 14 milhões para 27 milhões de demanda em três anos. O crescimento é extraordinário. Mudamos o quadro: estamos chegando ao limite da capacidade de transporte. E estamos lentamente recompondo o preço. O gás está relativamente barato no Brasil. Precisamos aumentar o preço", afirmou o presidente da Petrobras.

O executivo reafirmou ainda, que a meta da estatal é produzir 30 milhões de metros cúbicos de gás na Bacia de Santos, em 2010, o que elevará as alternativas de suprimento do País.

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