O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, informou hoje que só repassará o reajuste do gás natural boliviano importado nos novos contratos com distribuidoras e postos. Não haverá aumento, portanto, sobre contratos em vigor.

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"Os contratos estão dados, firmes", afirmou Gabrielli. "Já os novos contratos terão que levar em conta diversos fatores que envolvem investimentos de produção e preços internacionais", afirmou. Ao ser questionado sobre valores, Gabrielli ironizou: "O futuro é incerto. Se fosse certo era muito fácil".

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, explicou que o Brasil concordou em pagar a preço do mercado internacional os componentes de maior poder calorífico que são transportados junto com o metano da Bolívia para o Brasil. Conforme a explicação de Rondeau, o contrato atual do Brasil com a Bolívia prevê a importação de 9.200 quilocalorias (kcal) por metro cúbico. A esse contrato será adicionado, segundo o ministro, um parágrafo que prevê que, acima de 8.000 kcal, o preço será o do mercado internacional. Isso significa uma remuneração diferenciada para componentes como o etano, o butano (principal componente do gás de cozinha, ou GLP) e gasolina.

De acordo com Rondeau, não há, ainda, um cálculo do quanto essa mudança significará em termos do valor que a Petrobras desembolsará a mais. "Vamos ter de medir no dia-a-dia, mas a Petrobras acha que pode pagar mais, porque esses produtos têm um valor maior", afirmou o ministro.

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"Essa mudança deve gerar receita adicional para a Bolívia", disse Rondeau. Ele acrescentou que a equipe técnica da Petrobras deverá realizar nos próximos dias os primeiros cálculos do impacto que a mudança no cálculo do preço do gás importado terá nas despesas da estatal. Em princípio, segundo o ministro, haverá um aumento no desembolso da Petrobras de 3% a 4%.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ordem explícita, ontem, durante a visita de Estado do presidente boliviano, Evo Morales, para que sua equipe de negociadores resolvesse a questão do cálculo do preço do gás da Bolívia ainda durante a presença de Morales em Brasília.

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Nos últimos nove meses, o governo brasileiro vinha resistindo às pressões da Bolívia por um aumento no preço do gás natural exportado para o Brasil. Desde que a Argentina fechou um contrato de importação de gás boliviano a US$ 5,00 por milhão de BTU (unidade térmica britânica), em outubro do ano passado, a pressão boliviana aumentou. O Brasil, entretanto, resistia a qualquer mudança nos preços e à reivindicação boliviana de se travar uma discussão política da questão.