Pesquisa derruba versão da lucratividade dos transgênicos

Pesquisa realizada pela consultoria Agra FNP demonstra que a utilização de sementes transgênicas de soja oferece margens de lucro muito próximas às obtidas com sementes convencionais no país. O estudo, divulgado pelo jornal Valor, derruba a versão de que a soja transgênica oferece ganhos significativos aos produtores. A rentabilidade na safra atual demonstra que o custo de produção com sementes geneticamente modificadas varia de R$ 951 a R$ 1.200 por hectare, e de R$ 976 a R$ 1.225, com a adoção de sementes convencionais.

Conforme o levantamento, o plantio da soja Roundup Ready gera margem de lucro levemente superior à soja convencional no Rio Grande do Sul (2,34%), Paraná (3,25%) e São Paulo (5,98%). O ganho é praticamente nulo no Mato Grosso do Sul (0,03%) e Bahia (0,14%), e a rentabilidade é menor que a obtida com soja convencional no Mato Grosso (0,19%) e em Minas (9,08%).

Daniel Dias, pesquisador da Agra FNP, observou que os custos com pagamento de royalties sobre o uso da tecnologia Roundup Ready encarecem o custo de produção da soja em mais de 10%. \"E a produtividade das lavouras é praticamente a mesma\", afirmou Dias.

No caso do algodão, as margens de rentabilidades são maiores, mas o cálculo não inclui o pagamento de royalties pelo uso de sementes transgênicas. Conforme a estimativa da Agra FNP, as margens de lucro da semente modificada sobre a convencional chegam a 18,39% no Mato Grosso e 13,3% em Goiás. Dias observou que entre os países que aprovaram o uso de transgênicos, só no Brasil os royalties são pagos pelos agricultores. Nos demais países, a cobrança é rateada entre pelos multiplicadores e indústrias sementeiras.

No front externo, outro estudo desfavorável aos transgênicos também saiu ontem. Primeiro relatório produzido a partir de dados do Registro de Contaminação Transgênica – iniciativa conjunta das organizações Gene Watch UK e Greenpeace – identificou 88 casos de contaminação, 17 liberações ilegais e oito relatos de efeitos negativos de culturas transgênicas sobre a agricultura no mundo, desde 1996. Naquele ano, começaram a ser produzidos em larga escala, nos EUA, os primeiros organismos geneticamente modificados (OGMs).

Conforme o relatório, na última década, 39 países registraram algum dos três incidentes com transgênicos. Em 2005, houve casos em todos os países da União Européia.

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