Pesquisa com macacos é esperança na criação de vacina contra aids

Rio (AE) – Um estudo realizado na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, está animando os pesquisadores que se dedicam a desenvolver uma vacina que tenha eficácia contra a aids. O trabalho está utilizando macacos, que recebem uma substância contendo genes do vírus SIV (vírus da imunodeficiência em símios, na sigla em inglês), semelhante ao HIV. Os resultados são promissores.

A vacina é produzida a partir de fragmentos de DNA do vírus SIV, que fazem com que o organismo do macaco tenha uma resposta imune. Dezesseis animais estão sendo utilizados na pesquisa. Eles têm apresentado a reação esperada, o que vem deixando otimista a comunidade científica – embora ainda seja impossível prever quando se chegará a uma vacina contra a aids.

Está à frente da pesquisa o biólogo David Wahtkins, maior especialista do mundo em imunologia de modelos animais de vacinas contra a Aids. Ele está no Brasil esta semana para participar de palestras sobre seus experimentos. O especialista esteve no Rio hoje (17) e falou sobre os testes no Hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O biólogo, cuja equipe recebe US$ 5 milhões para tocar a pesquisa, comentou as dificuldades de se chegar a uma fórmula eficaz. "Existem muitos tipos de HIV. Por isso é tão difícil arriscar dizer quanto tempo ainda falta para uma solução", afirmou. Ele aproveitou para elogiar o nível das pesquisas brasileiras e também o programa de combate à aids do governo federal.

Para o infectologista e professor da UFRJ Mauro Schechter, coordenador, no Rio, dos testes com uma vacina contra a aids, a pesquisa de Wahtkins é importante porque os macacos e os seres humanos têm sistema imunológico parecidos. "Um modelo animal que funciona nos dá esperança. Supomos que aquilo que dá resultado em macacos pode vir a dar certo com humanos, mas precisamos de testes que comprovem esta tese", afirmou.

Schechter é o pesquisador responsável pelo Projeto Praça Onze, que envolve 60 professores e recebe US$ 2 milhões de financiamentos externos para se dedicar a pesquisas na área de doenças infecciosas, em especial a aids. Há dez anos, são conduzidos estudos para o desenvolvimento de novas drogas.

Cidadãos brasileiros já participaram de três testes com vacinas. Existe um em andamento, financiado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e realizado também em outros países, que analisa a eficácia de um imunizante que, em macacos, conseguiu evitar ou, ao menos, retardar a infecção pelo HIV. A primeira fase desta pesquisa, da qual participam indivíduos saudáveis, teve resultados considerados positivos.

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