Pesquisa: 67% de usuários de crack tem hepatite B

A Coordenação Nacional de DST/Aids e o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas e Psicotrópicos (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo divulgaram hoje pesquisa com usuários de crack da capital paulista e de São José do Rio Preto, com resultados que justificam uma intervenção imediata entre esse segmento da população: 67% do grupo pesquisado tem hepatite B; 25% tem hepatite C e 8% estão infectados pelo HIV.

Dividida em dois tempos, o primeiro com homens e mulheres que se submeteram ao teste sorológico para identificação do HIV e de outras DST, e outro com 80 mulheres que se prostituem para obter a droga, a pesquisa mostra, ainda, uma prevalência de 12% de hepatite B entre usuários de cocaína aspirada.

A transmissão do vírus da hepatite entre usuários de crack já vinha sendo observada pela Coordenação Nacional de DST/Aids no programa de redução de danos (troca de seringas entre usuários de drogas injetáveis). Um projeto piloto de oferta de um cachimbo com filtro para amenizar os efeitos provocados pelas impurezas da droga no organismo do dependente, e também para impedir a transmissão da hepatite através dos cachimbos improvisados pelos usuários, começou a ser executado em quatros cidades do país.

Os dados obtidos pela pesquisa conduzida por Solange Nappo, do Cebrid, mostram que as intervenções são necessárias para impedir, também, a transmissão do vírus da Aids. Os 8% de prevalência encontrados são muito superiores à taxa nacional, que é de 0,5%. A transmissão do HIV ocorre não pelo uso do crack, mas pela prostituição de mulheres dependentes da droga e pelo baixo uso do preservativo entre elas.

Embora 37% delas relatem o uso do preservativo nas relações vaginais, 5% afirmam que não usam a camisinha nunca, e 58% que só usam de vez em quando. A maioria diz que o coito anal é a prática mais comum de sexo com os clientes, mas que nesse caso o uso do preservativo é dispensado. A maioria dessas mulheres tem mais de um filho e continuam engravidando, correndo o risco de transmitirem o vírus da Aids também para essas crianças.

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