Perereco internacional

O assunto do momento, em todo mundo, é a “Guerra do Golfo”, que está sendo tratada e interpretada de muitas formas, da gozação ao absurdo. Crianças, certamente influenciadas ou por ignorância própria da idade, saem às ruas gritando pela paz, rangendo os dentes e pondo em perigo os aparelhos que custam salários dos pais, num ritmo carnavalesco; homens e mulheres, de todas as idades e classes sociais, fazem manifestações ruidosas sem saber bem por que, numa guerra com a polícia pela paz, se é que essa redundância não é redundante; outros, ainda, protestam contra Bush e Saddam em defesa dos seus bolsos, que acreditam estarem ameaçados pela hipotética alta nos preços do petróleo, escassez de alimentos, estouro nas bolsas e o dólar fora de controle. Diante do emaranhado de sugestões, também quero meter o bedelho neste perereco internacional, com a certeza de que tudo pode ser resolvido rápida e facilmente, para alegria da galera. Todos sabem que os ditadores são narcisistas, egocentristas e, principalmente, vaidosos, loucos para virar mártires. Vejam os casos Átila, que até hoje ninguém sabe explicar por que poupou Roma após um papinho com o papa Leão; Gengis Khan, que caiu do cavalo com o êxito de suas tropas e as palminhas de suas mongolóides esposas; Alexandre, o Grande, que conquistou o mundo conhecido na época e morreu de gripe no retôrno da Índia, após passar uma noite pelado nos porões de um barquinho; ou o Hitler, na troca de plumas e paetês com Mussolini. É simples! O Bush, alegando que Saddam é um velho gagá e incompetente, que está esclerosado e muito feio, anuncia que não vai mais guerrear e que vai levar embora seu poderoso exército. Saddam, tenho certeza, se suicidaria, libertando seus pobres súditos. Ou, por sua vez, Saddam, traquinas como é desde a infância, anunciava a abertura de todas as fronteiras do seu magnífico, fabuloso e histórico país, que já pertenceu à Babilônia e ao rei Nabucodonosor, uma grande festa prá lá de Bagdá, em seu palácio, convidando o prócer americano para uma quibada em sua homenagem, franqueando todos os haréns para as tropas americanas, e que haveria camelos à vontade para que eles passeassem pelo deserto tomando suco de tâmaras, no colo de belas odaliscas. O Bush, com certeza, iria à loucura, e como louco não tem os parafusos no lugar, se tornaria freguês perpétuo de manicômios das arábias. Pronto, os seis bilhões de humanos deste canto do universo viveriam felizes para sempre…

Eloir Dante Alberti

(zigzag@parana-online.com.br) é jornalista (pescador, às vezes) e editor do Zig-Zag em O Estado.

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