Zilda Arns é homenageada na Assembléia Legislativa

Até setembro de 1983, Florestópolis, norte do Paraná, era o retrato do descaso com a saúde das crianças no País. De cada mil nascidos vivos, 127 morriam durante a infância.

A vida perdia espaço para a diarréia, o tétano, o sarampo e a poliomelite. Doenças que poderiam ser evitadas se as mães tivessem mais conhecimento sobre higiene, alimentação e vacinação.

Apenas um ano depois, a médica e sanitarista Zilda Arns conseguiu baixar para 28 por mil o número de crianças mortas através da implantação da Pastoral da Criança.

O projeto deu tão certo que se expandiu e atende hoje 1,8 milhão de crianças, além de estar presente em mais 17 países. Este ano a entidade está comemorando 25 anos de atividades. Ontem, a médica recebeu homenagens na Assembléia Legislativa do Estado.

Arns trabalhava no sistema público de saúde e ficava impressionada com a quantidade de crianças que morriam com doenças que poderiam ter sido evitadas. Era preciso ensinar as mães a fazer o soro caseiro, incentivar a amamentação e a vacinação, além de acompanhar o crescimento das crianças.

O projeto teve início com apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sendo financiado pelo Unicef. O resultado foi a redução no número de crianças mortas. O índice de mortalidade do País é de 22 por mil nascidos vivos, mas entre as crianças assistidas o número cai para a metade.

Todo o trabalho é desenvolvido por voluntários. O dinheiro é gasto apenas com recursos materiais. “O trabalho deu certo porque a metodologia une fé e vida. Só isto pode explicar como 270 mil voluntários permanecem animados. Alguns dizem que andam 15 quilômetros a pé para visitar gestantes”, explica a médica.

O sistema criado por ela é bem simples. As cidades são divididas em regiões e cada líder comunitária é responsável por um grupo de mães. Uma vez por mês as voluntárias visitam as gestantes para saber como está o acompanhamento do pré-natal.

Também são realizados encontros, onde as crianças são pesadas, as mães são incentivadas a cuidar da vacinação e participam de cursos, entre eles, sobre o uso de plantas medicinais.

Apesar de os números da pastoral serem positivos, o projeto cobre apenas 20% das crianças pobres do país. A expansão só seria possível com mais investimento público e participação de outros segmentos da sociedade.

Hoje, Zilda não está mais à frente da pastoral brasileira. Ela coordena a pastoral internacional e também a pastoral da pessoa idosa. A comemoração dos 25 anos será no dia 13 de setembro, na cidade de Florestópolis.