Vizinhos acusam fábrica de provocar doenças

Adultos e crianças da Vila Becker, em Paranaguá, no litoral do Estado, estão sendo vítimas de doenças respiratórias e de pele. Muitos acreditam que os problemas estejam sendo causados por produtos químicos emitidos por cinco chaminés de uma fábrica de fertilizantes, a Fospar (Fertilizantes do Paraná), pertencente ao grupo Cargill. A empresa nega que os problemas sejam causados pela fumaça.

Há duas semanas, o filho de sete anos do casal de comerciantes Simone Aparecida Leone e Francisco da Silva foi internado em um hospital de Paranaguá devido a uma forte infecção de garganta. O menino precisou ficar cinco dias no hospital e utilizar uma série de medicamentos.

Segundo Francisco, o médico que atendeu a criança disse que o problema poderia ter sido causado por poluição e produtos químicos presentes no ar. “Moro há um ano em Paranaguá e meu filho nunca teve este tipo de problema”, alega. “Só pode ter sido causado pelos produtos emitidos pelas chaminés, que possuem um cheiro muito forte e incomodam demais os moradores da Vila Becker.”

A dona de casa Ângela Maria Lemos Martins tem cinco crianças em casa e revela que duas delas estão com bronquite. As outras três vivem com irritações nos olhos e na pele. “Tanto durante o dia quanto durante a noite, o cheiro vindo das chaminés é insuportável”, afirma. “Quem mora nas proximidades da fábrica de fertilizantes vive com os olhos, as narinas e a garganta ardendo. Por mais que se feche toda a casa, o cheiro entra e fica impregnado nos móveis, cortinas e roupas.”

Em dias em que o vento sopra em direção da vila, a dona de casa Eliane Cardoso Delfino conta que chega a se formar uma fumaça branca que cobre quase que completamente as ruas. “É como se houvesse um forte nevoeiro: fica tudo branco”, explica. “Minha filha, de 24 anos, e meu neto, que tem apenas alguns meses de vida, também sofrem de bronquite. Até as plantas que tento cultivar em casa acabam morrendo devido à poluição da fábrica.”

Empresa

A gerente de assuntos corporativos da Cargill, Maria Helena Miessva, informou que a empresa fez investimentos de US$ 2 milhões na área ambiental nos últimos dois anos, com a instalação de filtros na chaminé. Segundo ela, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) faz vistorias constantes na fábrica. “Estamos tranqüilos: o problema não foi causado pela fumaça”, afirma.

A gerente anunciou novos investimentos a serem feitos pela empresa nos próximos meses, a partir de abril, para eliminar todo risco ambiental na região. A fábrica da Fospar, que existe desde 1974, foi adquirida pela Cargill em 2000. “Desde que assumimos a unidade, temos investido em tecnologia ambiental e em obras que beneficiam a comunidade, como drenagem e esgotos”, garante Maria Helena.

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