A vizinhança do Água Verde está indignada com a grande quantidade de moradores de rua que, segundo os relatos, vêm tirando o sossego da região. A reclamação é em relação ao aumento do número de pequenos furtos na localidade e ao comportamento da população de rua, que consome drogas e bebidas alcoólicas ao longo do dia. De acordo com moradores e comerciantes da região, essas situações ocorrem desde o fim do ano passado, quando foi instalado o Centro POP do Portão, da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), na esquina das ruas Professor Assis Gonçalves e Goiás.
O bancário Evaldo Grein é um dos vizinhos indignados com o mau comportamento dos moradores de rua na região. Ele afirma que por diversas vezes já presenciou cenas de consumo de drogas e que até sexo entre os mendigos já foi flagrado pela vizinhança. “É só você andar pelas ruas da região. Tem morador de rua por todos os lados, mas o que incomoda mais é o comportamento nas ruas do bairro. O uso de crack já virou normal e já teve gente que os viu mantendo relações sexuais à céu aberto”, afirma.
O casal Geraldo e Rosa Neponuceno mora na região há mais de 30 anos. Eles contam que nos últimos meses andar pelas ruas do bairro ficou mais complicado e perigoso. “Quando não pedem dinheiro, ficam gritando palavrões e mexendo com as pessoas na rua”, reclama Dona Rosa. “Eles montam acampamentos nas calçadas e você quase não consegue andar. Fora o mau cheiro deixado por esses acampamentos”, completa Seu Geraldo.
Grein afirma que o número de pequenos assaltos cresceu consideravelmente desde que o Centro POP foi inaugurado. “As vítimas são principalmente as pessoas mais idosas, que costumavam caminhar pelas ruas do bairro. Como são alvos fáceis, os moradores de ruas mal intencionados assaltam mesmo. Quase sempre usando cacos de vidros e pedindo qualquer quantia”, explica o morador.
De acordo com os moradores, a indignação não é em relação ao trabalho do Centro POP, mas sim onde e a maneira como ele é feito. “Sabemos que esse é um trabalho que qualquer administração pública tem que fazer. Mas aqui está sendo feito de maneira errada. No Centro, eles apenas oferecem comida e um banho. Trazem moradores de rua da regional inteira, dão de comer e depois largam aqui na nossa vizinhança. Além disso, o local é inadequado. Aqui é um bairro residencial. Esse centro devia ser instalado num local mais movimentado. Os moradores de rua chegam e vão ficando”, relata Grein.
| Gerson Klaina |
|---|
| Geraldo e Rosa Neponuceno: mau cheiro e insegurança. |
Situação ficou insustentável
A situação fez com que a vizinhança realizasse um abaixo-assinado para pedir maior patrulhamento policial. A ação, que já colheu mais de 2 mil assinaturas, foi organizada por Jean Franco Toniolo, dono de uma pequena banca de revistas localizada na Avenida dos Estados. Ele conta que diversos comerciantes da região vêm sofrendo com a presença dos moradores de rua no local. “Aqui no meu negócio eles acabam abordando clientes de maneira grosseira. Tem um restaurante aqui do lado, que um morador de rua invadiu gritando e batendo nas mesas. Outro colega comerciante me disse que toda a semana é obrigado a lavar a fachada da sua loja porque urinam e defecam na porta da loja. Então, a situação está insustentável”, alerta.
| Gerson Klaina |
|---|
| Evaldo Grein: “consumo de crack ali é normal”. |
“Nós vizinhos estamos tomando todas as medidas cabíveis e legais em relação ao assunto. Já tivemos conversas e reuniões com a FAS, Polícia Militar, Guarda Municipal e Conselho de Segurança do bairro. Já fizemos um abaixo-assinado e mandamos pra prefeitura e órgãos responsáveis. Até agora nada mudou. Nosso próximo passo é fazer uma caminhada até a prefeitura para chamar a atenção para a nossa situação. Alegam que todos têm o direito de ir vir, mas esse direito nos foi tirado”, lamenta Grein.
FAS prega diálogo e polícia
Por meio de nota, a FAS orienta para que qualquer situação de atividade ilícita que envolva moradores de rua seja devidamente denunciada às polícias Militar e Civil ou à Guarda Municipal, que são os órgãos competentes para atuar na prevenção e combate ao crime. A nota ainda informa que o órgão está sempre aberto a dialogar com os moradores do bairro, especialmente através de seu Núcleo Regional no Portão, instalado na Rua da Cidadania do Portão.
Já a Guarda Muncipal informa que existe uma abordagem especial aos moradores de rua com o objetivo de não confundi-los com bandidos. “Nem todos essa pessoas que estão em situação de rua são marginais e temos muito cuidado nessa abordagem. Mas estamos mantendo o patrulhamento na região do Água Verde e pedimos à população do local que ligue para o 153 e denuncie os atos ilícitos”, diz.
Também em nota, a Polícia Militar diz que, “na sua área de competência, está realizando um trabalho reforçado na área do bairro Água Verde, e nos últimos tempos, em especial, nas imediações deste centro Pop Portão, criado pela prefeitura”. “Quando alguma situação de tráfico ou de qualquer outro tipo de crime é constatada, a PM atua abordando os suspeitos e encaminhando-os às delegacias. O próprio comandante da Companhia da PM responsável pela área procurou os responsáveis pelo local e se colocou à disposição, inclusive deixando um telefone para emergência”. A PM ressalta que realiza patrulhamento preventivo e ostensivo e que a responsabilidade de investigação é da Polícia Civil.
