Vileiros voltam a fazer denúncias

Entidades ligadas aos movimentos sociais do campo estiveram ontem rebatendo as explicações dadas pelo governo estadual sobre os problemas apontados na Vila Rural Princesa dos Campos em Bocaina 2, em Ponta Grossa. Eles também apresentaram uma nova dificuldade que atinge os vileiros de todo o Estado: a titulação da terra. Segundo Elizabeth Henderilkx, da Associação de Difusão de Treinamento e Projetos Pedagógicos (Aditepp), a legislação federal enquadrada as áreas como urbanas. Deste modo os agricultores podem perdem benefícios como financiamentos destinados ao homem do campo e ter que pagar IPTU urbano de uma área de 5mil metros quadrados.

Elizabeth afirma que em alguns municípios estão sendo criadas alternativas para resolver a situação, como isentar os vileiros do imposto. Mas isso deixa muitos inseguros, já que a medida pode mudar numa administração posterior. Outra dúvida está em relação a aposentadoria, se ela sairá como trabalhador rural ou urbano. E também como ficam os financiamentos e a inclusão em programas rurais do governo. “Eles não querem ficar a mercê dos políticos. Querem ter o controle da situação”, diz Elizabeth.

Bocaina 2

O gerente do programa Parana 12 meses, Humberto Malucelli Neto, atribui as denúncias à proximidade do período eleitoral. João Torres, do Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais (Deser) rebate afirmando que a idéia de questionar programas com investimentos de bancos bilaterais surgiu ano passado e o Vila Rural foi escolhido devido as condições do grupo para realizar os estudos.

O diretor técnico da Emater, José Geraldo Alves, explica que a região onde Bocaína 2 foi instalada é produtiva. Lá havia o cultivo de soja e trigo, além disto foi considerada própria para o cultivo de feijão e milho. Mas as entidades alegam que a região sendo produtiva não quer dizer que o terreno onde a vila foi instalada também seja, já que o solo no local é composto por cascalho.

Os vileiros reclamam ainda de outros problemas como rachaduras nas casas, fossas sépticas que em menos de um ano estão cheias e o excrementos são jogados no terreno. Além disto muitas ficam longe da cidade, sendo difícil o acesso. Também há dificuldade para comercializar a produção, solos com erosão e a seleção de moradores pode não ter sido feita de modo adequado. No dia 17 do mês passado representantes do Banco Mundial estiveram em Ponta Grossa e receberam o dossiê feito pelas entidades com os problemas apontados pelos vileiros de Bocaina 2. E no dia 24 de junho eles entraram com uma denúncia no Ministério Público. Segundo a assessoria do Banco Mundial, em Brasília, eles estão estudando o documento e outras informações sobre o programa. O resultado deve sair no fim de julho.

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