Vila Nova, em Colombo, sofre com a falta de asfalto

Olhando de cima, parece um vale. Gigantesco, cheio de pequenos casebres e vielas estreitas, sem condição para a passagem de veículos. É essa a situação da área de ocupação irregular Vila Nova, no município de Colombo, que abriga mais de 800 famílias

Essa área seguiu a taxa de crescimento do município, que foi de 27,6% de 1991 a 2000. Na última contagem municipal, eram 7 mil famílias nessa situação até 2004. Na terceira reportagem da série, O Estado traz as perspectivas e sonhos de crianças que nasceram e vivem na área de ocupação.

Soltar pipas e jogar bola, assim como para muitas crianças, são as principais diversões dos pequenos que moram na Vila Nova. A diferença é que, além de uma cancha de areia que tem perto, elas precisam fazer isso em pequenas ruas de chão batido, muitas com grandes buracos provocados pela chuva.

Para o garoto Isaías Pinheiro, de 12 anos, o esgoto a céu aberto na frente de casa é um dos principais problemas. Enquanto brinca, seu amigo Landel Soppa Silva, de 10 anos, faz planos para o futuro. ?Quando crescer, vou ser engenheiro para construir casas grandes?, revela. Se pudesse mudar alguma coisa na vila, Landel responde que queria que as ruas fossem asfaltadas. Todos os seus amigos concordam.

Poeira

O pedido das crianças por asfaltamento é reflexo do desejo de toda a comunidade. ?Estou aqui lavando a roupa, mas daqui meia hora sei que vai estar tudo sujo novamente com a poeira que vem da rua?, lamentou Maria dos Santos, de 59 anos. Na Vila Nova há 15 anos, ela já conseguiu trocar sua morada inicial, uma barraquinha de lona, por uma casa de alvenaria.

A opinião é compartilhada pelo líder comunitário Sebastião Rocha Rodrigues. ?É uma tragédia. Quando faz sol, a poeira é grande e a população sofre com problemas respiratórios. Quando chove, só tem lama e enchente?, contou. Preocupado com o tempo livre das crianças, ele teve a idéia do projeto Escola de Futebol no Bairro. Com material doado pela secretaria municipal de Esportes, todas as terças-feiras, crianças de 6 a 15 anos treinam futebol na cancha de areia da vila.

Falta de verbas

Hoje, a Vila Nova é a maior área de ocupação em Colombo que não tem perspectivas de intervenção do governo municipal. Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Milton Peter Hopker, faltam recursos.

Com a verba de R$ 25 milhões destinada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ao município, aproximadamente duas mil famílias estão sendo regularizadas na Vila Zumbi, até então a maior área de ocupação. ?E, na ocupação Palmital, será feito loteamento para 520 famílias. Outras 300 famílias vão ser retiradas da beira do Rio Palmital, para as quais serão construídos sobrados?, explicou o secretário. Outros R$ 20 milhões do PAC serão utilizados para melhorar regiões do Jardim Marambaia, Liberdade e a ocupação do Contorno Norte.

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