Vazamento de óleo no Rio Iguaçu completa dois anos

Há exatos dois anos, o País assistiu a um dos maiores desastres ecológicos de sua história: o derramamento de quatro milhões de litros de óleo cru, que vazaram da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), da Petrobras, em Araucária. Parte do óleo ? 1,3 milhão de litros ? atingiu os rios Barigüi e Iguaçu, enquanto o restante ficou retido nas várzeas da refinaria. O acidente resultou na aplicação de duas multas: a primeira, de R$ 50 milhões, por parte do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), e a segunda, de R$ 168 milhões, pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A estatal pagou a primeira, com desconto de 20%, mas se recusa a quitar a segunda. O processo se encontra em esfera administrativa, no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

“Tivemos o acidente, foi grave, mas em nove dias cessou o que chamamos de emergência: foi coletado todo o óleo, feita limpeza dos rios e propriedades”, defende o diretor-geral da Repar, Rubens Novicki. “Já no ano passado, não havia impacto visível. Agora, menos ainda. Mesmo no local mais atingido (várzeas), 80% da área já estão recuperados.” Segundo ele, a recuperação foi possível graças ao “trabalho técnico forte”, com a elaboração de 63 relatórios e contratação de mais de cem especialistas da área. A Repar alega ainda, através da assessoria de imprensa, que além da multa de R$ 40 milhões, a Petrobras gastou outros R$ 42 milhões na limpeza e recuperação dos locais atingidos. “O mito do dano irreparável acabou”, informou a Repar, em nota divulgada ontem.

IAP

A diretora de Estudos e Padrões Ambientais do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Ana Cecília Nowacki, confirma que o óleo deixou de ser visível nos rios Iguaçu e Barigüi, mas considera cedo para dizer se “o mito do dano irreparável acabou”. “Ainda não existem estudos conclusivos sobre isso.”

Segundo ela, a situação mais crítica é no local denominado banhado quatro – várzea atingida pelo óleo. A biorremediação – incorporação de microorganismos ao solo, para acelerar o retorno às condições naturais -, por exemplo, continua sendo feita até hoje. Também o monitoramento e algumas intervenções devem prosseguir por tempo indeterminado.

Apesar de tudo, Ana Cecília reconhece o trabalho da Petrobras/Repar na tentativa de minimizar os impacto do derramamento de óleo. “Não dá para dizer que foi um acidente sem controle. A atitude da empresa foi e continua sendo de muita responsabilidade.”

Sindipetro

Para o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro), Hélio Luiz Seidel, que na ocasião atribuiu o acidente à “política de enxugamento” adotada pela estatal ? em vinte anos, o número de funcionários da Repar teria passado de 1.200 para pouco mais de quinhentos ?, pouca coisa mudou nos últimos dois anos. Um dos itens mais positivos é que, “de certa forma, o processo de redução de pessoal deu uma estancada”. “Continua havendo saída do pessoal, mas a Petrobras fez concurso público”, lembra Seidel. “Para nós, não chega a repor o efetivo de antes, mas já é um fator positivo.” De acordo com o presidente do Sindicato, eram cerca de 570 petroleiros trabalhando na Repar em julho de 2000, e hoje são 509.

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