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Vandalismo e drogas tomam conta do Parque Náutico

O Parque Náutico do Iguaçu está a poucos metros da casa de Carlos Antonio Modesto Dias, no Boqueirão. Mas o microempresário não consegue desfrutar do local, projetado para ser um dos maiores espaços de lazer de Curitiba. Segundo ele, o local está abandonado, sem segurança, com vias deterioradas e até esgoto despejado sem nenhum tratamento.

“O parque está totalmente largado. Não tem estrutura nem segurança. Não podemos usá-lo”, diz Carlos, que é proprietário de um salão de beleza na Rua O Brasil para Cristo. Morador do Boqueirão há 38 anos, ele decidiu protestar contra a situação. “Aqui virou um espaço para vândalos e usuários de drogas. A comunidade não consegue usufruir, pois está quse tudo destruído”, relata.

Conhecido como Carlos do Boqueirão, ele encomentou faixas com frases de protesto, que fixou no final da Avenida das Torres, próximo ao portal de São José dos Pinhais. Nas mensagens, cobra a revitalização do Parque Náutico e denuncia a poluição nos Rios Belém e Iguaçu, que correm próximos ao local e, segundo os moradores, são alvos do despejo de esgoto sem tratamento.

Em uma curta caminhada pelo parque, Carlos não encontra dificuldades para mostrar os motivos de sua revolta. “Este bueiro joga esgoto direto no Rio Belém. Tem dias que isso aqui fica com um fedor insuportável. Não dá para vir no parque porque ninguém aguenta o cheiro”, aponta. Logo ao lado, ele mostra os postes sem qualquer lâmpada ou fiação. “Foi tudo roubado pelos vândalos e, agora, à noite fica muito escuro. Roubaram até as grades que ficavam aqui em volta”, mostra.

Ciclovia deteriorada e tomada pelo mato, lagos completamente encobertos pela vegetação e sem nenhum tipo de sinalização, ruas esburacadas pela passagem de caminhões, total ausência de brinquedos e equipamentos de lazer infantil… Tudo isso pode ser verificado pela reportagem da Tribuna, em poucos minutos de passeio pelo Parque Náutico.

As queixas sobre a situação do local são unânimes entre os moradores que conversaram com a reportagem. “Há alguns anos, eu vinha sempre com uns amigos correr no parque. Era iluminado, com calçamento e tinha ronda da polícia. De repente, começou a virar um local de prostituição e muita violência. Não tem mais condições”, diz o gerente de vendas Valdemir de Almeida, 38 anos.

Bairro é discriminado, diz Carlos Modesto

A situação do bairro, que na sua visão é descriminado pela prefeitura, motivou Carlos a montar um site na internet, que denuncia os problemas e divulga as reivindicações da comunidade. “Eu sempre me envolvi com as causas do bairro, mas agora resolvi pegar pesado”, afirma.

Além dos problemas do Parque Náutico, o site www.carlosdoboqueirao.org relata problemas de trânsito, infraestrutura viária, mostra os pontos turísticos e históricos do bairro. Outro assunto que ganha destaque é a situação dos moradores que estão tendo que demolir casas ou vender seus imóveis devido à lei de zoneamento urbano.

Carlos diz que foi chamado à prefeitura em outubro, para uma conversa com o secretário de governo, Luiz Fernando Jamur. “Eles se comprometeram a não multar mais os moradores e agilizar os processos de regularização. E desde então ninguém mais foi multado, mesmo”, relata.