Usuários reclamam das filas nos postos de saúde

Conseguir uma consulta médica em um posto de saúde em alguns bairros de Curitiba ainda é uma dificuldade. Acordar de madrugada e enfrentar fila para tentar o atendimento é a principal reclamação dos que necessitam do serviço público de saúde. Quem precisa de exame ou atendimento em alguma especialidade médica também tem dificuldade de acesso.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, em 2002 a prefeitura realizou 187 mil consultas – 16% a mais que em 2001. O número de exames também cresceu 25%, e passou de um milhão de procedimentos. Esses números, apesar de expressivos, não chegam a atender à demanda. O casal Maria Cardoso e Eugênio Lisboa aguardam há mais de dois meses para realizar um exame oftalmológico. Eles contam que no posto de saúde do Jardim Pinheiro, perto de onde moram, o atendimento é demorado e não oferece todas as especialidade médicas.

“Quando a gente precisa de médico prefere vir na unidade 24 Horas do Campo Cumprido. Mesmo tendo que pegar três ônibus, o atendimento chega a ser mais rápido que no posto”, diz Maria. A costureira Rodalina dos Santos Souza conta que há dois anos espera o diagnóstico para um problema que tem na coluna. Ela conta que já passou por várias unidades de saúde, mas até agora, não teve um resultado preciso. “Eu já fiz um exame mas o resultado não ficou pronto. Se tivesse que morrer disso, esperando todo esse tempo já tinha morrido”, reclama.

Curitibanização

O secretário de Saúde de Curitiba, Michele Caputo Neto, admite que existe uma demanda reprimida no município, e atribui isso a diversos fatores. Um deles é a fuga de usuários de planos privados e coletivos de saúde para o sistema público. Outro fator é o que chamou de “curitibanização”, já que a capital atende a um grande número de pessoas que vem da Região Metropolitana e até mesmo de outros estados.

“Nós já verificamos que só nas internações hospitalares pelo SUS (Sistema Único de Saúde) 40% declaram que não são de Curitiba”, disse Caputo, lembrando que isso ocorre em outros centros que também são referência no atendimento à saúde. Porém, ele defende que precisa haver uma parceria ou compensação financeira, já que os municípios não oferecem nem a atenção básica, cujos serviços recebem verbas do Ministério da Saúde.

Quanto à demora nos atendimentos, o secretário diz que há dificuldade para a contratação de profissionais. Apesar de Curitiba ser a terceira capital brasileira – atrás de São Paulo e Rio de Janeiro – com o maior número de cursos na área da saúde, a prefeitura não consegue preencher todas as vagas em concursos. Atualmente está oferecendo 58 vagas para médicos, com salários que variam de R$ 1.560,00 à R$ 4 mil para uma jornada de até oito horas. “Aqui nos cobramos horário do profissional, e sofremos com a concorrência desleal de outras instituições que pagam mais, só que não oferecem a estrutura que temos aqui”, disse.

Positivo

Com um orçamento anual que chega a R$ 400 mil – sendo 13% do orçamento geral do município -, o secretário afirma que apesar de todas as dificuldades, Curitiba tem muitos dados positivos para comemorar. Entre eles, a queda nas taxas de mortalidade materna e infantil. No ano passado, seis mulheres morreram, contra 21 óbitos registrados em 1998.

Os índices de mortalidade infantil, no mesmo período, caíram de 16,6% para 11,8% entre mil nascidos vivos. “Isso ocorreu, não por força da natureza, e sim por investimentos que fizemos no setor”, afirma Caputo, creditando esses resultados ao programa Mãe Curitibana, implantado pela prefeitura em 98, e que hoje conta com mais de 17 mil gestantes vinculadas.

A promoção à saúde e qualidade de vida, através de iniciativas como o Vida Saudável, grupos de acompanhamento a diabetes e hipertensão arterial, saúde mental e bucal, atenção a jovens e adolescentes – que representam 20% da população da capital -, Curitiba conseguiu aumentar a expectativa de vida da população. Hoje as estimativas indicam que a taxa de esperança de vida para a mulheres passou de 73,7 para 77 anos, e para os homens, de 65,5 pra 69,05 anos.

Voltar ao topo