Usineiros discutem trabalho degradante em reunião em Londrina

A situação da Usina Central do Paraná S/A, em Porecatu, na região norte do Estado, onde um grupo de trabalhadores foi encontrado em condição degradante no último mês de agosto, foi um dos temas da segunda reunião da Câmara Técnica do Setor Sucroalcooleiro, realizada ontem, em Londrina.

A Câmara foi criada no dia 11 de agosto deste ano e tem como objetivo fiscalizar e atuar de forma preventiva na área de segurança e medicina do trabalho no setor sucroalcooleiro.

“A situação verificada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) na Usina de Porecatu nos surpreendeu bastante, pois os problemas estavam acontecendo do nosso lado e nós os desconhecíamos”, afirmou ontem o gerente regional do trabalho e emprego em Londrina, Dorival Arantes. “Agora, queremos saber se existem outras usinas no Paraná que tenham o mesmo problema. Vamos incentivar as denúncias e ter uma equipe preparada e de prontidão para realizar fiscalizações.”

O procurador do MPT em Londrina, Marcelo Adriano da Silva, que também participou da reunião da Câmara, reforçou a opinião de que os trabalhadores de Porecatu estavam em condições de trabalho consideradas entre as piores já vistas no Brasil. Atuavam sem direitos trabalhistas e sob uma série de riscos. “Não esperávamos encontrar uma situação tão ruim em uma região tão próxima”, afirmou.

Segundo Marcelo, em função do “boom” econômico relativo aos biocombustíveis, o MPT está dando atenção prioritária ao setor sucroalcooleiro, para que as usinas novas e já existentes respeitem os direitos trabalhistas e as regras de segurança.

No Paraná, de acordo com a Associação de Produtores de Bioenergia do Estado (Alcopar), existem cerca de 611 mil hectares de cana-de-açúcar plantados. A cada cinco hectares, um emprego é gerado por ano, o que indica que o segmento gera 120 mil empregos diretos.

Com a intenção de modernizar os processos de colheita e reinserir trabalhadores no mercado de trabalho, também é estudada a criação de um Plano Setorial de Qualificação (Planseq) na área de cana-de-açúcar, assim como os já existentes em outros setores, como a metalurgia. A solicitação de criação já foi feita ao ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi.