Unesco retrata situação do professor no Brasil

Pesquisa divulgada ontem revela que 88% dos professores brasileiros possuem formação pedagógica e a maior parte deles pretende continuar trabalhando com a educação, mesmo enfrentando uma série de dificuldades em sala de aula. O estudo foi feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em parceria com outras entidades. Foram ouvidos cinco mil docentes de todo o País.

Segundo Maria Fernanda Rezende Nunes, 81% dos pais dos professores não concluíram a educação básica. Essa mobilidade social entre as gerações faz com que a maioria se sinta satisfeita com a profissão e não tenha interesse em redirecionar a carreira. Outro ponto que chamou a atenção dos pesquisadores é o fato de que a maioria dos professores tem menos de 35 anos. Maria Fernanda explica que isso favorece a implantação de políticas públicas em curto, médio e longo prazos.

O nível de escolaridade dos professores é um dado positivo: 67% deles possuem curso superior e 32% o ensino médio. No entanto, mais uma vez, as diferenças regionais são confirmadas. O Norte e Centro-Oeste concentram mais professores sem formação pedagógica, com 14,8% e 14,2% respectivamente.

O salário é outro ponto que mostra as diferenças regionais. A maior parte dos docentes que ganha mais de 10 salários mínimos se concentra na região Sudeste, 42%, e o menor índice está na região Nordeste, com 12,3%. Mas a maioria, 65% dos professores, se situa na faixa que vai de dois a dez salários mínimos. A renda mensal influencia diretamente no acesso à tecnologia: a maioria não tem computador em casa. Dentro da faixa que ganha dois salários mínimos, apenas 3% têm o equipamento. Entre os que ganham de 2 a 5 salários o índice sobe para 23% e, entre 5 e 10 salários, os números ficam em 53%.

Ao contrário do que muita gente imagina, a indisciplina não é a principal reclamação dos professores. Em primeiro lugar está a falta de tempo para corrigir provas, seguida da falta de tempo para elaborar aulas. Só em terceiro lugar vem a indisciplina. Mesmo assim, 54% reclamam do problema.

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