Uma data especial para todos os povos

A Páscoa significa a vitória da vida sobre a morte. Simboliza a passagem para uma vida melhor. É a data mais importante para os cristãos, pois relembra a ressurreição de Jesus. Neste ano, a data será ainda mais especial. Isto porque vão coincidir as comemorações de católicos, ortodoxos e judeus. Independentemente da forma como diversos povos celebram a data, a Páscoa representa para os cristãos a esperança.

 ?Para a Igreja Ortodoxa Ucraniana, a valorização da vida é a mensagem da Páscoa. A vida é um dom de Deus e não cabe ao homem tirá-la. E deve ser protegida desde a concepção?, afirma dom Jeremias Ferens, bispo de Aspendos e eparca da Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana na América do Sul.

Foto: Lucimar do Carmo

Dom Jeremias: ?Valorização da vida?.

?A ressurreição de Cristo é uma nova vida para cada um de nós. Com ele, morremos para o pecado e com ele ressurgimos pela vida?, lembra o padre Luiz Alberto Kleina, do Santuário de Nossa Senhora do Carmo.

?A ressurreição é a prova de que a morte não é o fim de tudo. Cristo ressuscitou e trouxe esperança. A mensagem continua a mesma, ainda mais em um mundo pessimista como é este que a gente vive. A Páscoa traz esperança?, avalia o padre Joaquim Parron, do Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio, em Paranaguá.

Foto: Lucimar do Carmo

Padre Kleina: ?Ressurreição de Cristo?.

Neste período, os judeus comemoram o Pessach, também conhecido como Páscoa Judaica. A festa dura oito dias e relembra a libertação dos judeus da escravidão do Egito. As comemorações entre os cristãos estão atreladas porque foi nesta mesma época que Jesus ressuscitou, anos depois.

A Páscoa é uma festa móvel, que acontece sempre entre os dias 22 de março e 25 de abril. Acontece sempre no primeiro domingo depois da primeira lua cheia da primavera no Hemisfério Norte. No caso da Igreja Ortodoxa, a festa segue o calendário juliano. Neste ano, coincidiram as comemorações de católicos, judeus e ortodoxos. A celebração da Páscoa é acompanhada pelos símbolos do coelho e do ovo. Os dois representam a fertilidade e o início de uma nova vida. Os ucranianos e os poloneses têm o costume de pintar ovos, com diferentes técnicas e mensagens, e trocá-los entre os familiares.

Rituais religiosos para as diferentes etnias

Foto: Lucimar do Carmo

Técnicas apuradas para a decoração das pêssancas. Segundo Danuta, pintura dos ovos é uma tradição milenar.

A preparação para a Páscoa começa, para os católicos, com a Quaresma. São 40 dias dedicados às orações, ao jejum e à esmola. Com isso, os católicos estão preparados para entrar na Semana Santa, sentir a morte de Jesus e comemorar a sua ressurreição.

Para os poloneses, além dos rituais religiosos, a Páscoa é comemorada com a bênção dos alimentos, a repartição deles entre a família e a troca das pêssancas, os ovos pintados. Existem diversas técnicas para a decoração deles e cada um tem um significado. No Sábado de Aleluia, as famílias levam as suas cestas com os alimentos para a bênção. As iguarias serão saboreadas apenas no café da manhã da Páscoa. ?A bênção é uma tradição milenar. É uma ligação espiritual de agradecimento a Deus?, conta Danuta Lisicki de Abreu, coordenadora do Bosque João Paulo II, dedicado à imigração polonesa.

Para os ucranianos ortodoxos, também existe um período de 40 dias anterior à Páscoa no qual se jejua e se penitencia. As famílias também se concentram na pintura das pêssancas, os ovos coloridos. ?Desde a Antigüidade, o ovo é o símbolo da vida. A pintura é anterior ao Cristianismo, mas depois foi adotada pela religião. A pêssanca é um talismã ucraniano. Sem pêssanca, não existe Páscoa?, enfatiza dom Jeremias Ferens. Os ucranianos também fazem a bênção dos alimentos, nas primeiras horas de domingo. Depois, as famílias desjejuam em suas casas.

Tradição contra o consumismo

No entanto, as tradições da Páscoa, independentemente dos povos e das religiões, sofrem a concorrência dos ovos de chocolate. Muitas pessoas têm esses produtos como referência da Páscoa, deixando de lado os reais motivos da comemoração. ?Hoje o mundo caminha para o consumismo. As pessoas vão se afastando do que é mais precioso, a ressurreição de Cristo. Mas, infelizmente, o que fica são os ovos de chocolate. A Páscoa serve de altera. Como filhos de Deus, não devemos ser apenas o que o mundo quer. Devemos ter uma vida fiel aos ensinamentos de Cristo?, explica o padre Luiz Alberto Kleina.

O mesmo acontece com as viagens neste período. Muitos aproveitam o feriado para descansar e sair da cidade. Para o padre Kleina, a Semana Santa não pode ser encarada desta maneira, pois é a oportunidade dos cristãos celebrarem a Paixão de Cristo. ?Eu orientei as pessoas que vieram até o Santuário Nossa Senhora do Carmo a não viajarem?, revela.

Voltar ao topo