Nova regra

UFPR muda avaliação de cotas no vestibular

A UFPR decidiu promover a banca de avaliação fenotípica (características físicas) dos candidatos que disputam as cotas raciais no período de 29 de novembro a 3 de dezembro, ou seja, entre a primeira e segunda fase do concurso 2010-2011.

Essa decisão foi anunciada pelo Núcleo de Concursos da instituição. Até o ano passado, a universidade realizava a banca somente após a aprovação do candidato.

Em raríssimos casos foram indeferidos os benefícios da cota, porém, nas situações que isso ocorreu por conta das determinações do edital, houve alguns desgastes.

“Anteriormente eles saíam do processo, mas como a intenção da UFPR não é prejudicar ninguém, agora os candidatos vão prosseguir pelas cotas sociais ou no processo tradicional conforme escolherem”, explicou o coordenador-geral do Núcleo de Concursos, Raul Von der Heyde.

Dos 43,8 mil inscritos, 2.075 concorrem pelas cotas raciais. O percentual de vagas de cada curso que, segundo o Programa de Inclusão Social e Racial, deve ser destinado a estudantes negros ou pardos permanece 20%.

Segundo Heyde, nos anos anteriores aproximadamente 14% das cotas raciais deixaram de ser preenchidas e acabaram ampliando as cotas sociais (também de 20%). Nesta edição do concurso, as cotas sociais serão disputadas por 9.410 estudantes que cursaram todo o ensino fundamental e médio em escolas da rede pública.

A nova regra valerá apenas para o vestibular tradicional e não será aplicada às vagas destinadas ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação, que classifica candidatos a instituições públicas de ensino superior apenas pela nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Falta incentivo

Para a doutoranda em Sociologia e diretora do Instituto de Pesquisas da Afrodescendência (Ipad Brasil), Marcilene Garcia de Souza, há avanços significativos desde a instituição do Programa de Inclusão Social e Racial da UFPR, que previa por 10 anos (a contar a partir de 2005) a reserva de vagas raciais e sociais.

“Em 2000, haviam 45 negros matriculados na universidade, já em 2006 o número saltou para 575”, conta a socióloga que acompanhou atentamente os primeiros anos do programa, quantificando todos os dados. “A entrada de negros pelo sistema de cotas desde 2005 significou um avanço de mais de 1.000% em número de negros matriculados, impactando significativamente o cotidiano da universidade. Em alguns cursos, por exemplo, não entrava um aluno negro havia 10 anos”, acrescenta.

Para a socióloga um dos pontos que requer mais atenção a fim de que todas as vagas das cotas raciais sejam preenchidas é o incentivo por parte dos professores do Ensino Médio.

“A falta de conhecimento sobre o programa e a postura contrária assumida por alguns docentes em sala de aula intimidam alguns estudantes negros e pardos a tentarem as cotas”, avalia.

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