A Universidade Federal do Paraná (UFPR) está desenvolvendo um projeto pioneiro que vai auxiliar no tratamento eficiente de bebês prematuros, diminuindo o índice de mortalidade. Mais que isso, o projeto Footscanage, desenvolvido em parceira entre os departamentos de Medicina e Informática da instituição, pode ser importante ferramenta para acabar com casos de seqüestros de crianças menores de dois anos ou trocas de bebês nas maternidades. Com o controle correto, nenhum bebê deixará a maternidade sem ser rigorosamente identificado.
Hoje, a identificação dos recém-nascidos é feita com uma pulseira, que pode conter um código de barras, e o registro impresso do pezinho, ao lado da digital da mãe. Com o novo programa, será possível o registro digital detalhado do pezinho, que além de servir para a determinação da idade gestacional do bebê e para a confecção de um moderno prontuário médico, servirá como identidade. ?Até os dois anos de idade, a criança não tem as digitais definidas. Uma vez feito o registro do pezinho, a identificação ficará muito mais fácil?, diz a médica Mônica Cat, que ao lado da professora Olga Bellon coordena o grupo Imago, que conduz o projeto.
O sistema de identificação acabou surgindo como um segmento do projeto inicial, já que o repasse do Ministério da Ciência e Tecnologia é destinado à pesquisa envolvendo os prematuros. ?Foi um direcionamento posterior da pesquisa. Primeiro, trabalhamos exclusivamente no software de identificação e controle da idade gestacional. Agora, estamos estendendo a pesquisa para a identificação precisa dos bebês?, explica Olga.
Funcionamento
Por ora, o sistema de captação de dados dos recém-nascidos ainda necessita de ajustes. Ao nascer, os bebês do Hospital de Clínicas têm seu pezinhos impressos em um cartão feito com papel especial – aliás, o procedimento é obrigatório em todas as maternidades. Esse registro é repassado para o Laboratório de Informática do HC, mediante um scanner. Os dados ficam registrados e podem ser comparados com os de outras crianças já registradas no banco de dados. ?Apesar de eficiente na identificação da idade gestacional, neste processo perdemos muita qualidade, muitos detalhes?, explica Olga. Seria um aparelho semelhante ao identificador de digitais, em um tamanho maior. ?Estamos em busca de parceiros para desenvolver o aparelho?. Enquanto o sistema não evolui, as pesquisadoras buscam novas alternativas. Uma delas pode ser o registro fotográfico dos pezinhos. ?No entanto, para isso, é necessário muita precisão?, revela Olga. Melhor aprimorado, o sistema de registro de recém-nascidos paranaenses pode superar a eficiência do sistema de identificação de crianças utilizado pelo FBI, nos Estados Unidos.
Revista internacional vai oficializar pesquisa
No próximo mês, a revista médica internacional Academic Radiology vai registrar oficialmente o projeto do grupo Imago, que surgiu com o objetivo de identificar com precisão a idade gestacional dos prematuros, facilitando o correto tratamento de cada caso e rezuzindo o índice de mortalidade.
O projeto Footscanage, desenvolvido pela UFPR, é pioneiro no mundo e ganhou cartaz após a apresentação em um congresso internacional realizado no Canadá em 2003 – o 6.º Internacional Conference on Medical Image Computing and Comutede Assisted Intervention.
A parceria entre os departamentos de Medicina e Informática da UFPR surgiu em 2001. A idéia da médica-pediatra Mônica Cat era criar um sistema mais eficiente que o Método de Ballard para determinar a idade gestacional dos prematuros. O método, utilizado desde 91, exige o manuseio dos bebês. ?No caso dos prematuros, o menor contato pode causar muita sensibilidade. Por isso, quanto menos tocados, melhor?. A identificação precisa da idade gestacional é fundamental para o correto tratamento de cada recém-nascido. ?Nesses casos, um milímetro a mais de um medicamento pode ser fatal?, diz Mônica.
Por outro lado, a professora Olga Berllon já havia tentado algumas parcerias para integração da Informática à área médica para o departamento de pesquisas da UFPR. As duas acabaram se encontrando e conseguiram a aprovação do projeto, apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia (Finep). Os estudos se estendem há três anos e agora, com a instalação de um laboratório de informática no Hospital de Clínica, o projeto está prestes a ser colocado em prática. ?Em duas semanas, devemos processar os primeiros dados dos bebês prematuros?, comemora Mônica.
Além de precisar a idade gestacional dos recém-nascidos, o registro inicial servirá como ponto de partida para o acompanhamento de cada caso através do prontuário eletrônico, tornando o atendimento mais detalhado e controlado. (GR)


