UEM prepara dossiê para patentear medicamento

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) está em vias de requerer a patente do Propovit Plus, spray à base de mel e própolis, produzido pelo laboratório farmacêutico Bionatus, de São José do Rio Pedro (SP). O professor Luís Carlos Marques, do Departamento de Farmácia e Farmacologia da UEM, está elaborando o dossiê e deverá protocolar o pedido na próxima semana. O pedido tramita na universidade até ser protocolado no Inpi(Instituto Nacional da Propriedade Industrial).

A possibilidade de patenteamento surgiu a partir de um termo de cooperação de desenvolvimento científico e tecnológico, assinado há cerca de 4 anos, entre a UEM e a empresa. Pelo convênio, o produto foi estudado pelos pesquisadores da UEM que atestaram efeitos positivos e a baixa toxidade do medicamento. Segundo Luís Carlos, que coordenou os trabalhos, a possibilidade de requisição de patente foi prevista já na assinatura do convênio, contando com a total aceitação por parte da Bionatus. Com base nos estudos, a empresa poderá requerer o registro do remédio no Ministério da Saúde. Hoje, o Propovit Plus, que é de origem animal, detém registro no Ministério da Agricultura.

Recursos financeiros

O convênio envolveu R$ 50 mil, gastos ao longo do período para custeio da pesquisa. Parte desse dinheiro foi aplicado na construção do Laboratório de Toxicologia de Fitoterápicos, instalado no campus-sede da UEM.

Os trabalhos foram concluídos no fim do ano passado e publicados até no exterior. Luís Carlos enfatiza os benefícios de um convênio dessa natureza entre empresa privada e universidade. Segundo ele, essa interação ainda é uma prática pouco usada no Brasil, ao contrário do que ocorre em países mais desenvolvidos. “Há resistências entre os pesquisadores, que não concordam em trabalhar vinculados a interesses privados confundindo tal pesquisa de caráter aplicado com prestação de serviços”, diz.

A Bionatus também considera esta parceria como um projeto de grande sucesso. “O convênio com a UEM foi de extrema valia, tanto do ponto de vista técnico, com o desenvolvimento dos estudos pré-clínicos, quanto do ponto de vista comercial, visto que os trabalhos foram publicados em revistas técnico-científicas e apresentados em diversos congressos da área”, diz o diretor financeiro da empresa, Elzo Velani.

Para a UEM, o convênio gerou recursos financeiros, expansão de área física e aquisição de alguns equipamentos. Além disso, garantiu treinamento para os alunos da área. O diretor financeiro da Bionatus também destaca a conduta ética e profissional do pessoal envolvido com o projeto. Em relação ao patenteamento, Velani informou que haverá participação da UEM, a ser definida, caso o pedido seja aprovado.

Resultados da pesquisa

As pesquisas comprovaram os efeitos positivos do Propovit Plus, indicado para afecções da boca e garganta. Com relação a toxidade, a mesma só foi verificada em doses muito altas, além das recomendadas pelo fabricante. Também foi comprovado o efeito alérgico do remédio, verificado nos casos de pessoas com antecedentes alérgicos a picadas de abelhas.

Todo o material gerado durante as pesquisas foi entregue à Bionatus, incluindo um relatório geral com os resultados conclusivos e relatórios individuais de cada produto. Além das lâminas de todos os órgãos dos animais usados para medir resultados, bem como estes órgãos mantidos em formol e em parafina. “O material é vasto e constitui o lastro de todo o estudo realizado”, disse. “Em caso de questionamento oficial por parte do Ministério da Saúde, o material permite rever o estudo sem ter que refazê-lo.”

Além do Propovit Plus, foram pesquisados outros três produtos da Bionatus: Biotoss Xarope, Virtil e o Bioemagrecedor. Os estudos foram conduzidos pelo Departamento de Farmácia e Farmacologia, com a colaboração dos Departamentos de Análises Clínicas e Medicina, e do Biotério Central da UEM.

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