Dedicação. Essa é a palavra que resume o trabalho realizado pelo casal Ricardo e Maria Luiza Saltini, moradores de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Em sua casa, num condomínio fechado, a dupla cria mais de 60 cães, a grande maioria deles recolhidos nas ruas em estado de saúde deplorável. “Alguns deles a gente pega quase morrendo mesmo, em pele e osso, ou até com machucados profundos”, conta Maria Luiza.

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A missão do casal começou há pouco mais de cinco anos, quando decidiram deixar a correria da cidade grande para viver com mais tranquilidade no município metropolitano. Eles contam que sempre foram apaixonados por cães, mas a paixão e o amor pelos animais aumentaram quando foram morar numa chácara. “Começamos pegando um, recolhendo outro e quando vimos estávamos com 60 cachorros em casa”, relata Maria Luiza.

Segundo o casal, os animais são recolhidos para serem tratados e depois colocados para adoção. Todos os tratamentos são pagos com dinheiro do próprio bolso na maioria dos casos. “Temos duas parceiras, que ajudam com os custos dos veterinários, como as consultas e até as cirurgias de castração, que é o mais caro, já que castramos todos os animais recolhidos”, diz Maria Luiza.

A alimentação dos animais recolhidos também é toda custeada pelo casal. Segundo Ricardo, os cães consomem um total de 750 quilos de ração por mês. “E não damos ração de baixa qualidade. Compramos um alimento bom, rico em proteína, que reflete na saúde dos animais. Hoje todos eles estão bem, com a pelagem bonita e supersaudáveis. E isso se deve muito à alimentação”, comenta.

Rotina trabalhosa

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O dia a dia do casal é praticamente em função dos cães. Ricardo conta que diariamente acorda cedo para recolher as fezes dos animais e que, além disso, ainda há todo o trabalho de alimentar e dar os medicamentos aos bichos. “É preciso se dedicar e abdicar de uma série de outras atividades. É bastante trabalhoso”. Nos finais de semana, Maria Luiza frequenta a feira de doação de cães do Centro Cívico. “Estou envolvida com a causa de adoção de cães e estou direto em feiras, em contato com essa comunidade. Mas cada vez que eu vou, deixo três e volto com um e assim vai”, brinca.

Ela diz que muitas vezes é preciso negar abrigo aos cachorros e fazer vistas grossas quando anda de carro pelas ruas e estradas da cidade. “Como sabem que eu pego e cuido mesmo, muitos me procuram para oferecer ninhadas e até cachorros abandonados. Mas nós já estamos no nosso limite e não podemos fazer mais. Na rua, não fico olhando muito para não encontrar mais animais machucados. Quando vejo, eu pego mesmo”, conta.

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Adoção e castração

Maria Luiza ainda explica que é preciso reforçar o ato da adoção e desmitificar o fato de que cães adultos não prestam para serem adotados. “Temos que castrar mais esses animais de rua, porque só assim esses cães vão parar de nascer e depois sofrer maus tratos. Além disso, os cachorros já adultos são os melhores. Não têm doenças recorrentes de filhotes e, pelo comportamento, já sabemos o perfil deles e assim podemos escolher o lar perfeito”, revela.

“É uma escolha que fizemos que é trabalhosa, mas é puramente por amor aos animais. Recolhemos, tratamos, damos comida e queremos que eles tenham um novo lar, uma nova oportunidade. Muitos deles sofreram muito antes de chegar aqui”, ressalta Ricardo. Quem quiser adotar um cão cuidado pelo casal pode ir à feira de animais que acontece todo o final de semana na rotatória da Rua Deputado Mário de Barros, no Centro C&iacute,;vico, em Curitiba.

Átila Alberti
Maria Luiza: recolhemos, tratamos, damos comida e queremos que eles tenham um novo lar.