Trinta anos de muitas manobras radicais

Curitiba, que é referência no transporte urbano e qualidade de vida, nos últimos dez anos se destacou por revelar ao Brasil e ao mundo grandes talentos do skate.

O esporte, que surgiu nos anos 60s na Califórnia (EUA) inventado por surfistas como uma brincadeira para os dias que o mar estava sem ondas – eles juntaram as rodinhas dos patins com um shape, tem entre os destaques os curitibanos Daniel Vieira, Marcelo Kosake, Carlos de Andrade “Piolho”, Rodil de Araújo “Ferrugem” e Larissa Carollo. Todos figuram entre os primeiros lugares nos circuitos de competições nacionais e internacionais.

Não existe uma explicação para o destaque da capital no esporte. Mas alguns creditam isso a um grupo de veteranos que buscou um espaço público para a prática do skate. A

 Praça Redentor, mas conhecida como Praça do Gaúcho, no bairro São Francisco, foi a primeira pista pública do Paraná e a segunda do Brasil a ser construída, e foi por lá que grande parte dos veteranos e atuais no skate deixaram sua marca e viveram boas histórias.

O engenheiro, Luiz Eduardo da Silva Wolff, que organizou neste mês uma festa para comemorar os 30 anos da Praça do Gaúcho, lembra como foi seu começo com o skate.

“Meu irmão mais velho ganhou um par de patins e como não dava para os dois andarem, nós desmontamos e fizemos dois skates”. Antes da pista ser construída na praça, Wolff se reunia com os amigos no Bairro Ahú para praticar em rampas de madeira. “Foi aí que surgiu o ‘Oahu skt8′, uma mistura de Havaí e skate”, lembra.

Hoje, Wolff ainda anda com skate no Gaúcho na companhia do filho, de 16 anos. “Ele começou com skate tenho a mim como referência, acho muito legal esse lado do esporte”, ponderou.

Quem também dividiu a pista do Gaúcho com Wolff, foi Luiz Vicente Horokoski, mas conhecido como “Babalu”. E foi da influência daquela época que ele resolveu investir em esportes. Dono de uma marca de materiais esportivos, Babalu também está desenvolvendo um skate longboard que vai imitar o movimento do surfe.

“Da praça só tenho boas lembranças”, falou. E sem saber que desliza em uma pista “balzaquiana”, o auxiliar administrativo Álvaro Thiago Rossi é da nova geração do Gaúcho. Para ele, a pista é diferente das demais por ter uma inclinação mais parecida com uma onda. “E esse estilo é que atrai tanta gente.”

Projeto

O projeto da pista do Gaúcho foi desenvolvido pelo arquiteto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) Lauro Tomizawa que foi buscar inspiração para o trabalho em revistas americanas.

O desafio era criar desníveis para os skates deslizarem. Por isso escavaram abaixo da calçada da praça. Os primeiros protótipos foram feitos de barro, e só mais tarde se empregou o concreto.

De acordo com o arquiteto Juliano Sandrini, que realizou um trabalho de pós-graduação utilizando a praça como objeto de estudo, uma das grandes dificuldades na projeção da pista na época foi acabar com problemas de drenagem, e evitar danos estruturais. Sandrini comentou que apesar das dificuldades, Curitiba conseguiu implantar o projeto.