Trabalhadores de frigorífico buscam direitos

Mais de 300 funcionários da Aves Aliança de Araucária, mais conhecida como Frigorífico Cancela, estão há pelo menos um mês com os salários atrasados e quase nenhuma explicação sobre o futuro deles na empresa.

Ontem pela manhã, parte deles fez uma manifestação em frente ao frigorífico para reaver seus direitos. Segundo os integrantes, a empresa se comprometeu a dar baixa nas carteiras de trabalho e, até a próxima quinta-feira, iniciar o depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Além das dívidas trabalhistas, a empresa também acumula credores. Desde junho de 2009, tramita um processo de recuperação judicial na 2.ª Vara de Ofício da Fazenda de Curitiba, por conta de dívidas milionárias que foram contraídas pela empresa nos últimos anos.

A advogada Franciele Fontana, que atende a Cancela,foi procurada pela reportagem do O Estado, mas afirmou estar viajando e disse não possuir meios de contatar a empresa para esclarecer as novas informações. Na última sexta-feira (dia 15), a advogada afirmou categoricamente que a empresa estava com a folha de pagamentos em dia e que, nesta semana, iria decidir se encerraria as atividades em Araucária.

Diversos relatos de funcionários que estavam ontem em frente ao frigorífico deram conta que a situação era completamente oposta à retratada pela advogada.

“O último salário que recebemos foi o de agosto. No dia três de setembro avisaram que estaríamos de licença por 15 dias e, ficamos duas semanas em casa e, quando voltamos, encontramos a empresa fechada sem qualquer explicação ou acerto com os funcionários”, contou o técnico em segurança Sidnei Pretko.

A mesma história foi confirmada pela chefe do setor de produção do frigorífico, Neusa dos Santos. Com quase sete anos de empresa, ela foi surpreendida com o fechamento inesperado e, para agravar a situação, descobriu que seu FGTS não foi depositado corretamente.

“Retirei o extrato e vi menos R$ 1 mil”, lamentou. Mãe de dois filhos, ela conta que ainda não atrasou o pagamento de nenhuma conta porque, recentemente, vendeu o carro. “Tenho prestações da casa e do outro carro e mais o sustento das crianças, por mais que meu marido trabalhe, o dinheiro vai fazer falta”, disse Neusa, revelando que já está atrás de um novo emprego, mas que até para isso precisará da boa vontade do frigorífico para liberar sua carteira de trabalho.

Acusação

Uma funcionária do setor administrativo do frigorífico, que não quis se identificar, afirmou que a falência do Frigorífico Cancela é fraudulenta e tem a ver com o ingresso do ex-sócio da Granja Econômica Avícola Limitada (Geal), Alberto Dijkinga, um dos atuais responsáveis pelo frigorífico.

Segundo a funcionária, o frigorífico assumiu juridicamente dívidas de outros gestores e colocou o terreno da empresa como garantia de pagamento. “O problema que parte desses credores estão vinculados ao Alberto, ou seja, ele prejudicou o frigorífico de propósito e inviabilizou o negócio”, denunciou a funcionária. Dijkinga também foi procurado pela reportagem, mas não atendeu aos telefonemas.

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