Ter plano de saúde não significa mais receber um atendimento rápido ou mesmo de qualidade. Usuários reclamam cada vez mais sobre as consultas rápidas nos consultórios, a demora para ser atendido em hospitais, a espera de meses para marcar consulta com o médico de preferência e a dificuldade em liberar procedimentos mais complexos. No entanto, muitos preferem continuar pagando e enfrentando estas dificuldades para não precisar encarar o Sistema Único de Saúde (SUS).
O usuário fica refém e não tem como escapar dos valores dos planos. O avanço tecnológico também custa mais. Só que o peso no bolso de quem paga o plano está ficando mais pesado. O analista de sistemas Marcos Feijó vive um dilema. Ele talvez seja obrigado a fazer a migração do plano empresarial que tem hoje para um particular. E isto significa quase que triplicar o gasto que possui para a assistência dele, da esposa e dos quatro filhos.
Além de achar que não pode contar com o SUS, Feijó tem o tratamento da esposa, que teve um câncer na tireoide. “Antigamente, os planos eram muito bons, atendiam na hora. Mas como depender do SUS, com greves a toda hora e a marcação de consultas com especialista para daqui a meses? A minha esposa precisa ir mensalmente ao médico. Não quero e não posso correr o risco”, ressalta Feijó.
Dados da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PR) indicam 2.422 atendimentos no ano passado relativos a planos de assistência médica ou odontológica. De janeiro a abril deste ano, o Procon-PR recebeu 585 ocorrências. Os cinco maiores motivos que levaram consumidores a procurar orientação foram: dúvida sobre cobrança, contrato, negativa de cobertura, recusa ou mau atendimento e reajuste injustificado. “Ainda vemos muitas reclamações informais. Orientamos a procurar o Procon ou reclamar na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regulamenta o setor”, afirma Cláudia Silvano, coordenadora do Procon-PR. A ANS informou que as principais reclamações estão relacionadas a: cobertura; contratos e regulamentos; mensalidades e reajustes.
