O valor pago pelo rateio das despesas cobrado aos taxistas vinculados às associações de rádio táxis é alvo de constante reclamação por parte dos profissionais, até porque na maioria das centrais o valor médio beira R$ 700, o equivalente à prestação de automóvel, por exemplo. Para o Sindicato dos Taxistas do Estado do Paraná (Sinditaxi), o valor justo por esse rateio seria de até R$ 400 por mês e por carro, não por motorista, como é usual em muitas centrais. Para as centrais, que ressaltam o fato de não terem fins lucrativos, a razão dos atuais valores se deve aos sucessivos reajustes de despesas fixas como água e luz e, principalmente, aos aumentos salariais estabelecidos nos dissídios coletivos. Só que mesmo entre as associações de rádio táxis, uma delas segue na contramão disso, cobrando o rateio por corrida e, dentre os taxistas associados, o valor máximo pago no mês não chegou a R$ 400.

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O presidente da Associação Rádio-Táxi Líder, Valdemar Rocha, que se orgulha em ter “35 anos de táxi”, disse que criou a associação em setembro de 2012 por não concordar com os altos valores do rateio. Ele fixou o rateio em R$ 1,50 por corrida, mesmo em distância longa, e para os taxistas que movimentem mais de 400 corridas no mês, o valor cai para R$1. Além disso, o taxista que decide tirar férias ou fica parado por motivo de saúde, não paga nada, uma vez que não tem corrida.

Tecnologia

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Para conseguir viabilizar essa nova modalidade de rateio, Rocha diz que não oferece descontos ou convênios. “Essas parcerias com empresas encarecem o rateio, já que 10% de desconto sobre milhares de corridas representam alto valor no fim do mês”, avalia. Outra diferença, é que ele enxugou a estrutura de atendentes e demais funcionários e cuida diretamente da administração da central. Para ser competitivo, também introduziu nova tecnologia na associação, o sistema AutoCad que elimina o rádio. “Isso melhorou o atendimento do cliente, pois sabemos onde carro está para gerenciar melhor o serviço”.

Taxista mostra o outro lado

O taxista Willian Luvizotto, que trabalha para outra central de rádio táxi, considera mais justa a cobrança do rateio por corrida. “Ficou muito alto o rateio. Passou de R$ 150, em 2002, para cerca de R$ 700”, revela. Segundo o motorista, para que o rateio represente R4 1,50 por corrida, precisa se submeter à jornada de trabalho de 12 a 15 horas, durante sete dias na semana. Mesmo assim, não abre mão de estar associado à central pelo volume de atendimento. No mês passado, enquanto pela rádio táxi atendeu 338 corridas, pela rua conseguiu 81. “Outra vantagem é que na corrida longe do Centro, você sabe que terá passageiro na volta. Coisa que não é possível prever trabalhando sem central”, conta. Willian comenta que se houvesse a liberação dos pontos de táxis sem limites de veículos ou a instituição de central de táxi única, a população e profissionais sairiam ganhando. “Não seria tão difícil encontrar táxi e o ganho líquido com as corridas seria maior.”

Despesas

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De três centrais de rádio táxis procuradas (Capital, Sereia e Faixa Vermelha), a Rádio Táxi Capital foi a única a explicar os altos custos do rateio. “Investimentos em treinamentos e em bons salários para os funcionários, mais o insumos fizeram com que as despesas aumentassem muito nos últimos anos”, apontou o presidente Álvaro César Winhaski. “Os custos aumentaram, mas o quilômetro rodado permanece congelado há 3,5 anos. Daí a insatisfação”, defendeu.

Marco Charneski
Willian tem sugestões pra evitar falta de carros.