Tarifa de ônibus na RMC vai para R$ 1,65 domingo

A tarifa de ônibus da Região Metropolitana de Curitiba vai passar para R$ 1,65 a partir da zero hora de domingo. A decisão foi anunciada ontem logo após a reunião entre representantes da Urbanização de Curitiba (Urbs), Coordenação da Região Metropolitana (Comec) e empresas de ônibus. O acordo põe fim ao impasse entre a Urbs e a Comec, que vinham discutindo as planilhas de custos há quase cinco meses.

O diretor-presidente da Comec, Alcidino Bittencourt Pereira, reconheceu que a tarifa de R$ 1,50 não seria capaz de cobrir todas as despesas do transporte coletivo. “Tivemos acesso a todas as folhas de pagamento e outras informações que não foram colocadas no início, como o custo de repouso remunerado e o anuênio”, explicou. Segundo Alcidino, a tarifa de R$ 1,50 também só seria viável caso a demanda fosse de 5,5 milhões de passageiros por mês. “A Urbs alega que o número de passageiros teve uma queda, mas não saberia dizer de quanto”, comentou.

Segundo ele, a tarifa de R$ 1,65 cobre todos os custos operacionais, taxa de gerenciamento da Urbs, além do ressarcimento de 10% da frota que havia sido retirada pela Urbs no último aumento. “A Urbs alegava que tinha prejuízos e retirou uma parte da frota. Mas com a revolta da população, os ônibus foram repostos”, lembrou Alcidino. Ele admitiu que o acordo foi também motivado para manter o sistema de transporte coletivo integrado.

A presidente da Urbs, Yára Eisenbach, não escondia sua satisfação. “O resultado foi o melhor de todos”, declarou. “A tarifa continua gerida pela Urbs e será igual para todo o sistema.” A nova tarifa será aplicada para todos os 13 municípios da Grande Curitiba que fazem parte Rede Integrada de Transporte na Região Metropolitana.

Em Londrina, “pula catraca”

Estudantes promoveram ontem nova manifestação contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em Londrina. O movimento “Pula Catraca” aconteceu em vários pontos da cidade, como o terminal de ônibus, Universidade Estadual de Londrina (UEL) e em frente aos colégios. De acordo com a Polícia Militar, quatro estudantes menores foram detidos e levados ao 1º Distrito Policial, de onde seriam encaminhados para a Vara da Infância e Juventude.

A empresa de ônibus Grande Londrina – responsável por 85% do transporte coletivo local – informou que a janela de apenas um ônibus foi quebrada. A orientação era que os motoristas e cobradores não entrassem em confronto com os manifestantes e parassem os ônibus se os estudantes pulassem as catracas. A idéia era evitar que houvesse mais tragédias, como a ocorrida no dia 13 de junho, quando o estudante Anderson da Silva morreu atropelado por um ônibus durante manifestação.

De acordo com o delegado Marcos Belinati, do 1.º DP de Londrina, agentes à paisana estiveram entre os manifestantes para tentar identificar os responsáveis pelos eventuais tumultos. Ontem, quatro adolescentes (dois garotos e duas garotas), de 14 e 16 anos, foram detidos em frente ao Colégio Vicente Rijo, por volta das 11h30, pulando a catraca. Segundo o delegado, a prática fere o artigo 262 do Código Penal (conturbar, dificultar o transporte coletivo) e prevê pena de até dois anos de detenção. Sobre a morte do estudante Anderson Silva, o delegado informou que está aguardando laudos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal para concluir o inquérito policial.

Sem prejuízos

A empresa Grande Londrina informou através da assessoria de imprensa que o prejuízo com tarifas não-pagas foi insignificante. Segundo a assessoria, houve o registro de três episódios do movimento ao longo do dia: cerca de 7h30, quando cerca de dez manifestantes tentaram incitar os usuários do Terminal Central a pular a catraca – sem êxito; às 9h30, quando estudantes da UEL quebraram a janela de emergência em um ônibus e por volta das 11h30, quando quatro estudantes foram presos pela PM.

A passagem de ônibus em Londrina subiu no dia 1.º de junho, de R$ 1,35 para R$ 1,60. O Ministério Público briga na Justiça, tentando derrubar o aumento, mas o pedido de tutela antecipada não foi concedida pelo juiz da 4.ª Vara, Alvaro Rodrigues Junior. A questão permanece sob judice.

Sindicato denuncia demissões

O Sindicato dos Trabalhadores em Trânsito, Transporte e Urbanização de Curitiba (SindiUrbano) está acusando a Urbanização de Curitiba S. A. (Urbs) de perseguição política. Segundo o sindicato, sete agentes de trânsito que trabalhavam no sistema de Estacionamento Regulamentado (EstaR) foram demitidos ontem, às vésperas de um reunião da categoria com a empresa para definir o acordo salarial coletivo.

A assessoria de comunicação do SindiUrbano afirmou que as demissões foram feitas como forma de pressionar a classe para que aceite as propostas oferecidas pela Urbs. A empresa oferece 13,45% de aumento, parcelado em três vezes. Os 1,6 mil servidores da Urbs reivindicam reajuste salarial de 15%, linear e retroativo a maio, além de aumento de R$ 50 no vale-alimentação e garantia da manutenção da cesta de alimentos. Na última sexta-feira os agentes fizeram um dia de manifestações, com operações-tartaruga e padrão.

O presidente do SindiUrbano, Valdir Mestriner, destacou que a reunião que estava marcada para ontem com a Urbs foi adida para às 14h de hoje. “O sindicato lamenta profundamente todas essas demissões, que são uma clara tentativa de inibir a livre organização dos trabalhadores da Urbs”, denunciou Mestriner.

Experiência

O diretor de transito da Urbs, Lanes Rangel Prates, disse que não aconteceram demissões e sim a não efetivação de funcionários. Prates disse que a empresa contratou 22 funcionários, sendo onze agentes de trânsito. Expirado o prazo de experiência, de 90 dias, apenas dez foram efetivados. Dos outros doze fazem parte os sete agentes de trânsito que o sindicato diz que foram demitidos. Prates afirmou que o SindiUrbano tinha conhecimento prévio de que isso iria acontecer. “Em janeiro de 2002 de dezessete funcionários treze não ficaram. Em junho do mesmo ano, de 22 outros dezesseis não foram efetivados. É um processo normal”, explicou Prates.

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