Superprodutor mundial, Brasil consome pouca soja

Leite, farinha, salsicha, queijo e margarina. Você sabe o que esses itens têm em comum? Todos podem ser feitos a partir da soja. Apesar de o Brasil ser o segundo maior produtor mundial – cerca de 58 milhões de toneladas por ano, atrás apenas dos Estados Unidos -, e o Paraná também ocupar a vice-liderança no País – com 11 milhões de toneladas, perdendo para as 15 milhões de Mato Grosso – o alimento aparece pouco na mesa dos brasileiros. A falta de hábito e o desconhecimento dos seus valores nutricionais seriam as principais razões para essa ausência.

Mas os especialistas garantem que o consumo do grão só traz benefícios. Considerado um alimento funcional – além das funções nutricionais, também tem efeitos positivos à saúde -, a soja é um dos vegetais com melhor potencial para a alimentação humana, por conter alto teor de proteína. De acordo com a engenheira de alimentos e pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Soja), Vera de Toledo Benassi, o grão é composto por 40% de proteína, 20% de óleo e outros 40% distribuídos em carboidratos, fibras e umidade, sendo ainda rico em ferro, potássio e vitaminas do complexo B. “Todo esse potencial ainda é pouco divulgado. Nem mesmo os que plantam sabem disso”, comenta.

Estudos feitos nos últimos anos vêm mostrando o comportamento da soja na prevenção e controle de diversas doenças. Seus compostos fitoquímicos, como as isoflavonas – que é semelhante ao estrógeno (hormônio feminino) -, reduzem os riscos de alguns tipos de câncer, como o de mama, colo do útero e próstata. O grão também tem sido indicado para o alívio da tensão pré-mestrual, sintomas da menopausa e na prevenção da osteoporose. Também são conhecidos os efeitos do consumo do grão no controle dos níveis de colesterol e triglicérides.

Para se obter efeitos terapêuticos, o ideal seria consumir diariamente, no mínimo, o equivalente a duas colheres de sopa de kinako (grãos de soja torrado e moído) ou farinha de soja, ou ainda, o tofu (queijo de soja), salada (grãos) ou a proteína texturizada (carne de soja). Vera ressalta porém que a soja não pode ser considerada um remédio: “É preciso ter consciência de que a soja introduzida na alimentação é para obter resultados na prevenção e conseqüente melhora na qualidade de vida”, conclui.

Oferta e diversidade têm aumentado

Uma das desculpas para não se introduzir a soja na alimentação é a dificuldade de encontrar o produto. Mas a engenheira de alimentos Vera de Toledo Benassi afirma que vem aumentado a oferta do grão, tanto in natura quanto em alimentos industrializados. E pensando nesse filão de mercado, uma empresária inaugurou há mais de dois anos uma panificadora e confeitaria especializada em produtos à base de soja em Londrina.

Na DiSoja Brasil é possível encontrar desde pães e bolos, até maionese e bombons feitos com o grão. A proprietária Édina Thomaz disse que a idéia surgiu depois que ela participou de um curso ofertado pela Embrapa, no qual se ensina a utilização da soja na alimentação. Ela garante que o negócio deu tão certo, que hoje ela já começa a distribuir os produtos para revendedores da região.

No início, Édina teve dificuldade em trabalhar exclusivamente com soja, mas hoje, graças à divulgação sobre os benefícios do produto, ficou mais fácil atrair a clientela. Além de atender um perfil de clientes que procuram melhorar a qualidade de vida, a empresária conquistou outros segmentos, como as crianças que não toleram os derivados de leite, celíacos (alérgicos ao glúten) e diabéticos.

Secagem

Um programa desenvolvido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem mostrado que é possível secar a soja com gás natural. A principal vantagem é conseguir uma uniformidade da secagem do produto. Aliado a isso, estão a diminuição do impacto ambiental e a agregação de valor.

O programa Agrogás é desenvolvido pelos professores do Departamento de Engenharia Mecânica Marcelo Risso Errera e George Stanescu. Segundo eles, como se trata de uma solução energética integrada, o processo ainda gera eletricidade, e pode reduzir os custos em 40%. De acordo com Errera, o produtor terá um produto seguro e poderá armazenar a soja até quando tiver a melhor cotação no mercado.

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