Superpoderosas atraem a criançada

Três garotas fofinhas em cores berrantes que brigam e detonam os vilões, sem perder a delicadeza nem a ternura. É essa a fórmula de As Meninas Superpoderosas, série de desenhos do Cartoon Network que conquistou milhares de fãs no mundo todo, que chega agora nas telonas dos cinemas do Brasil. Em Curitiba, especialmente, o filme já virou um fenômeno e está atraindo centenas de fãs mirins.

Todos ansiosos em ver suas heroínas lutarem contra o mal, incluindo-se nesse rol os meninos. “Elas são superpoderosas porque derrotam os monstros”, explica a pequena Roberta Caroline, de 7 anos, que aguardava ontem na fila do cinema do Shopping Curitiba. Desinibida e muito falante, ela conta que tem mais amiguinhas do que amiguinhos e revela não ser fã do sexo masculino. “Eles são muito chatos. Enchem o saco na hora da prova”, diz, acrescentando que tem um irmão de 13 anos “também chato.” “Por isso, quero que a minha mãe passe uma vassoura no meu pé, para eu não casar”, brinca.

Para Natália, 5, o melhor momento do desenho é quando há pancadaria. “Gosto quando as Superpoderosas batem neles. São muito chatos”, aponta. O pequeno Bruno, também de 5 anos, concorda. “Elas são muito poderosas, batem nos maus”, comenta.

Apesar de o fenômeno atrair principalmente o público feminino, Bruno não esconde sua adoração pelas meninas. Quando o assunto é o confronto meninos versus meninas, Bruno diz que não vai brigar com sua irmãzinha, que tem apenas dezesseis dias. “Vou ser bonzinho com ela”, promete.

Exibindo uma camiseta vermelha e meias brancas, ambas com estampas das Superpoderosas, Raquel, 7, revela o mais atraente nas meninas é o jeito peculiar. “Elas batem nos maus e os colocam na cadeia”, explica. Em se tratando de meninos, o relacionamento não é muito amistoso, conta Raquel. “Não mexo com eles. Só converso com alguns no recreio, mas é melhor não chegar muito perto”, pondera, sem explicar o motivo.

Inspiração

E qual o segredo de tamanho sucesso entre a criançada? Para a psicóloga especialista em atendimento às crianças e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Maria Luíza D?Ávila Pereira, a receita é uma só. “Filme que faz sucesso é aquele que serve de modelo para o telespectador, que tem identificação com quem está assistindo”, explica. Segundo ela, crianças na faixa de três a quatro anos começam a notar as diferenças sexuais anatômicas entre meninas e meninos. “Elas percebem que eles têm algo a mais no corpo e verificam que são supervalorizados. Então buscam um modelo de mulher poderosa, para que se sintam como os homens”, explica.

Para Maria Luíza, nem a entrada da mulher no mercado de trabalho mudou esse conceito. “Em qualquer situação e em qualquer cultura, os homens são preferidos”, garante. “A mulher trava uma batalha para tentar se igualar, porque a sensação que ela tem é de que sempre é inferior ao homem”, complementa.

A psicóloga evita entrar no mérito de avaliar se o filme é positivo ou negativo para o público infantil. Diz apenas que é algo que a criança está precisando naquele momento. “O filme reafirma à criança um poder imaginário. As meninas querem ser como as personagens, enquanto os meninos gostariam de manter a ilusão da mãe que pode tudo”, analisa.

Serviço:

As Meninas Superpoderosas está em cartaz no Shopping Curitiba (às 13h10, 15h e 16h50), Crystal 5 ( às 13h20, 15h20 e 17h20) e Estação 3 (às 12h10, 14h, 15h50, 17h40 e 19h30).

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