Inferno

Sonho do carro zero quilômetro vira pesadelo

Em maio de 2012, Odete Pinheiro Neves Rodrigues comprou um carro zero quilômetro. Mas no segundo dia de uso, veio a decepção: o Celta fazia um barulho estranho. Dali em diante, foram várias idas à concessionária Valesul, onde o veículo foi comprado, muito tempo de espera pelo conserto, sem contar o estresse. Quase um ano se passou e o automóvel está parado na garagem dela, sem uso.

O gerente de vendas da Valesul, Walquer Cavalari, atribui a demora no conserto à falta de peças na loja, que tiveram de ser solicitadas ao fornecedor. Ele diz que o carro vai ficar bom. Mas a coordenadora do Procon-PR, Cláudia Silvano, defende que o problema na caixa de câmbio e o simples fato de ter levado várias vezes o carro à concessionária pelo mesmo motivo já justificariam a troca. Odete recorreu ao Procon e aguarda a audiência de conciliação, que deve ser marcada nos próximos dias.

Em prestações

Proprietária de uma revenda de gás, Odete comprou o veículo para otimizar o funcionamento da empresa: o filho usaria o carro para visitar clientes e resolver outras questões sem ter que ocupar as caminhonetes que transportam os produtos. Devido ao alto custo do carro, demorou para tomar essa decisão. “Paguei dez prestações e ainda tenho mais 48 meses para pagar”, relata.

“Já comprei zero para não ter problemas de mecânica”, afirma Odete. Segundo a empresária, na primeira vez que levou o Celta à concessionária falaram que o barulho não era nada. Depois de dois meses, retornou à revenda e trocaram algumas peças, mas o ruído continuou.

Na terceira vez que Odete foi à Valesul, o mecânico avisou que era defeito de fábrica na caixa do câmbio e o carro passou mais de 20 dias no conserto. “Continua com problema, não engata a quinta marcha”, diz. O recibo do conserto mostra a troca de 18 peças. “Como é possível um carro zero ter que trocar tanta peça?”, questiona.

Troca só antes do emplacamento

Odete Rodrigues mandou e-mail à Chevrolet, mas não teve resposta. Enviou também e-mail ao banco que financia o carro, que informou que ela deveria ir até qualquer concessionária solicitar a troca. “Tentei ir em outra loja, mas debocharam de mim”, comenta a empresária. “Sinto-me traída, magoada”, desabafa.

Walquer Cavalari, gerente de vendas da Valesul, explica que o carro ficou vários dias no conserto porque aguardava a chegada das peças do fornecedor. Ele diz que na última vez que Odete foi até lá não quis que o carro fosse verificado e apenas exigiu a troca do veículo. “Ele está na garantia ainda. Se não ficar bom, nós vamos deixar bom”, promete.

Garantia

Segundo Cavalari, mesmo com a garantia do carro vencendo no próximo mês, a consumidora não deveria ficar preocupada, pois os serviços prestados têm a garantia de mais oito meses. Walquer explica que as trocas só são feitas nos primeiros sete dias em que os carros são retirados, quando ainda não receberam o emplacamento. “Ainda bem que deu o problema nesse período de garantia”, ressalta. “Nunca deixamos de dar atenção, se ela não quiser que o reparo seja feito aqui pode ir para outra concessionária, que o processo será o mesmo”.

Veículos estão no sétimo lugar do ranking do Procon-PR, com 2.561 reclamações registradas em 2012.