Solenidade marca 58 anos da tomada de Monte Castello

Uma solenidade realizada ontem de manhã, na Praça do Expedicionário, em Curitiba, por integrantes da Legião Paranaense do Expedicionário e representantes das Forças Armadas, comemorou o 58.º aniversário da tomada de Monte Castello, reduto alemão localizado na Itália, pela Força Expedicionária Brasileira (FEB), durante a Segunda Guerra Mundial.

Estiveram presentes no evento diversas autoridades e dezenas de ex-combatentes, que participaram do feito histórico. O reencontro dos pracinhas foi repleto de emoção. Muitos, apesar de serem tidos como heróis nacionais e carregarem no peito muitas medalhas de honra ao mérito, relembravam com tristeza o dia 20 de fevereiro de 1945. “Apesar de a tomada de Monte Castello ter sido uma grande conquista e ter rendido diversos elogios à FEB, não podemos esquecer que muitas pessoas morreram na batalha”, disse o ex-combatente Alberto Weinhardt Borges, de 83 anos, que participou da tomada de Monte Castello dando apoio ao Regimento Sampaio, responsável pela conquista.

Alberto conta que, nos dois anos que permaneceu na Itália, presenciou a morte de diversos companheiros, viu pessoas ficarem mutiladas e sentiu muita saudade dos parentes que permaneceram no Brasil. “A guerra é uma coisa horrível”, afirma. “Vi pessoas caindo mortas do meu lado e até hoje sinto uma culpa imensa por não ter podido socorrê-las.”

Já o pracinha Geraldino Werner, 81, originário do Rio de Janeiro, integrou o Regimento Sampaio e lembrou das dificuldades pelas quais passou. Segundo ele, na Itália, os combatentes enfrentaram muita neve e temperatura de -20ºC. Para conseguir andar, muitas vezes com gelo acima do joelho, todos usavam botas especiais. Para não serem localizados por tropas inimigas, usavam capas brancas como forma de camuflagem na neve. “Passamos por muitas dificuldades”, conta. “Lembro que, em determinado período, tive que ficar 75 dias sem tomar banho. Muitas vezes, para fazer a higiene do corpo, utilizava apenas um pano molhado.” Ele disse que os pracinhas sentiam a presença da morte a cada passo que davam em direção a Monte Castello. “Sentíamos muita saudade de nossas famílias e não sabíamos se um dia conseguiríamos voltar vivos para casa”, conta. “Muitos não conseguiram. Centenas de pessoas sofreram com a morte de seus filhos, amigos, irmãos e namorados.”

Na Itália, 1.542 paranaenses integraram a FEB, formada por 25.334 homens. Entre eles, 28 morreram nos campos de batalha. No total, 443 combatentes brasileiros morreram.

Lançamento

Em paralelo à solenidade que homenageou os ex-combatentes, foi lançado um jornal que visa informar estudantes e demais interessados sobre a tomada de Monte Castello e uma exposição que relembra o feito. O jornal, em formato tablóide, recebeu o nome de Front e foi elaborado pela Legião Paranaense do Expedicionário. “O informativo visa atender a muitos estudantes que nos procuram para saber um pouco mais sobre a história do Museu do Expedicionário e sobre a participação da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial”, conta o diretor do museu, major Benur Augusto Muniz.

Já a exposição, que ficará em cartaz no museu até o dia 8 de abril, traz trinta reproduções de fotografias e objetos, como armas e uniformes, utilizados durante a batalha de Monte Castello. Ela pode ser visitada de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 17h.

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