“Começa na Ponta Grossa/Termina ali na praça/O melhor de tudo é que ela é nossa/É muito boa e é de graça….”

A letra do hino da Guaratubanda, que embala os foliões do litoral paranaense há mais de vinte anos, vai mudar de sentido neste Carnaval. A Prefeitura de Guaratuba inverteu o sentido do circuito da banda – que agora vai sair da praça e terminar na praia. Além disso, para os barraqueiros e ambulantes que vão trabalhar no circuito, o Carnaval não vai sair assim tão “de graça”. Segundo denúncias apuradas pela reportagem da Tribuna, esses comerciantes estão sendo obrigados a vender uma única marca de cerveja – pouco conhecida no mercado – por conta de um acordo entre a Prefeitura e o fabricante da marca. Eles estão proibidos de vender quaisquer outras marcas da bebida, ou terão os produtos apreendidos.

Um dos postulantes a um quiosque do circuito de Carnaval participou da reunião realizada anteontem à noite com o secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Guaratuba, Glauco Souza Lobo, e relatou à Tribuna os termos do acordo. “Dentro do circuito onde vão passar os trios e a banda (cerca de oito quadras), a gente só vai poder vender a Primus, da Schincariol. Avisaram que se outra marca de cerveja for vendida, o material será apreendido e a gente vai responder Termo Circunstanciado na delegacia, porque essa é a cerveja que está patrocinando o Carnaval”, contou.

Revolta

“O pessoal ficou revoltado porque essa cerveja nem é conhecida, e a gente não vai poder dar outras opções pro freguês”, comentou, lembrando que a confusão foi tão grande que o leilão das sessenta barracas, que deveria ter acontecido durante esta reunião, teve que ser adiado para hoje. Ontem à noite, aconteceria uma reunião com os postulantes às 350 licenças para vendedores autônomos. “Eles também não vão poder vender outras cervejas”, explicou o comerciante.

A única alternativa para quem quer comercializar outras marcas de cerveja, apresentada pelo secretário Souza Lobo, fica restrita a dois dias: o sábado de Carnaval (dia dos trios elétricos) e a segunda-feira (da Guaratubanda). Isso, dentro de um roteiro limitado a apenas quatro quadras, na Avenida 29 de Abril, entre as ruas Carlos Cavalcanti e Antônio Rocha. “Passando o sinaleiro da Antônio Rocha, entra no circuito e só pode vender Primus”, afirmou.

Nos anos anteriores, mesmo com outra marca de cerveja patrocinando o Carnaval de Guaratuba, a venda da bebida era livre para todas as marcas e não havia esse tipo de imposição. Com tantas proibições, ao que parece, os policiais que vão trabalhar no Carnaval da cidade terão que se preocupar em conferir latinhas de cerveja com mais de 400 comerciantes e a segurança da festa poderá ficar comprometida.

“De maneira alguma”

O prefeito de Guaratuba, José Ananias dos Santos (PMDB), disse que não tem conhecimento desse tipo de acordo irregular entre o secretário de Turismo e o fabricante da Primus. “Eu sei que trocamos de patrocinador porque o que a outra cervejaria ofereceu não nos pareceu interessante. Acompanhei essa negociação”, afirmou o prefeito, confirmando o patrocínio da Primus no Carnaval. “Mas isso de proibir a venda de outras marcas não pode estar acontecendo. Sob a minha administração, de maneira alguma”, enfatizou.

O deputado Nelson Justus (PFL), organizador da Guaratubanda, disse que a mudança de sentido do circuito do Carnaval é uma experiência. “Estamos esperando entre 200 a 250 mil pessoas, como nos anos anteriores”, comentou.

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