Dos 26 municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), apenas cinco tem unidade própria do Corpo de Bombeiros (CB). O restante fica sob a responsabilidade do 6.º Grupamento de Bombeiros, localizado em São José dos Pinhais. Como se não bastasse toda essa quantidade de municípios assistidos, o 6.º Grupamento precisa deslocar, freqüentemente, parte do seu efetivo para operações especiais. Ontem mesmo, 57 bombeiros da unidade seguiram para o litoral a fim de reforçar o trabalho da Operação Verão. Para atender a RMC, sobraram, em serviço, apenas 67.

Em função desse quadro, não é raro haver situações nas quais os bombeiros não conseguem atender prontamente os chamados. O problema já atingiu até funcionários da Prefeitura de Almirante Tamandaré, que preferiram não se identificar.

Há menos de um mês esse drama também foi sentido por um antigo morador do município, conhecido como “Dino”. A casa dele começou a pegar fogo e imediatamente foi chamado o CB. Esperou, esperou e, quase duas horas depois de assistir a sua casa ser consumida pelas chamas, os bombeiros chegaram. “Se os bombeiros tivessem demorado 30 minutos, que é o tempo normal gasto no percurso entre Curitiba e Almirante Tamandaré, teria se salvado metade do meu patrimônio”, acredita. “Só restaram as cinzas da minha casa.”

A assessoria da Prefeitura conta que este não foi o primeiro, nem o último morador de Almirante Tamandaré a passar pela mesma situação. O tenente Luiz Alberto de Lima, do 6.º Grupamento de Bombeiros, não confirma que haja um período de espera tão grande por parte dos moradores da RMC, porém atesta que a presença dos bombeiros é fundamental para garantir agilidade no atendimento.

A presença dos bombeiros, no entanto, para ser viabilizada na prática esbarra em questões financeiras e de pessoal. Segundo o tenente, fica a cargo da Prefeitura disponibilizar a infra-estrutura necessária ao funcionamento do quartel. Construção da unidade e aquisição de veículos estão incluídas nessa lista. Para se ter uma noção do volume de recursos necessários, um caminhão de bombeiros custa, em média, entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. “Para muitas cidades é um investimento muito alto”, analisa Lima.

Os municípios que conseguem transpor o impedimento financeiro para ter uma unidade do CB, enfrentam um outro entrave, de responsabilidade do Estado: a falta de pessoal. O município de Colombo vivencia essa situação. Conforme informações da assessoria da Prefeitura, já foram viabilizadas todas as condições para a instalação do Corpo de Bombeiros. Entretanto, o projeto ainda não foi adiante, porque não existe número de bombeiros suficiente para disponibilizar a outro quartel. “Se faltam bombeiros nas unidades já existentes, que dirá para as novas unidades. Este problema atinge o Estado inteiro”, destaca Lima, apontando que a solução para esse impasse é a realização de novos concursos. De acordo com o tenente, para três dos cinco municípios que possuem quartel ? Araucária, Campo Largo, Curitiba, Fazenda Rio Grande e São José dos Pinhais ? a solução encontrada foi o remanejamento de alguns bombeiros que pertencem ao efetivo do 6.º Grupamento. Ontem, por exemplo, estavam em serviço cinco bombeiros em Fazenda Rio Grande, oito em Araucária e dez em Campo Largo. Em São José do Pinhais, ficaram os 67, já que a unidade corresponde ao 6.º Grupamento. O mínimo de pessoal necessário para a realização dos trabalhos em um quartel, segundo o tenente Lima, são sete: três para operar o carro de incêndio, outros três para ficar numa viatura e mais uma pessoa responsável por atender as ocorrências, que não são poucas. Em 2002, os municípios da RMC, apresentaram mais de oitocentos registros relacionados exclusivamente a incêndios. Fora isso, os bombeiros prestam atendimentos envolvendo quedas, afogamentos, agressões, buscas e resgates e acidentes de trânsito.

Na avaliação da Secretaria Extraordinária de Assuntos Metropolitanos haveria necessidade de instalar unidades em pelo menos três municípios: Almirante Tamandaré, Colombo e Pinhais. “Estas cidades necessitam de uma atenção maior devido o contingente populacional e estamos intercedendo para acelerar a viabilização dessas unidades, sobretudo, em Colombo e Pinhais, que já apresentam projetos em andamento”, adianta o secretário Fernão Accioly. Além da construção dessas unidades, Accioly aponta mais uma medida para melhorar o atendimento dos bombeiros aos municípios da RMC: o desmembramento do 6.º Grupamento. “Ele está totalmente sobrecarregado. Só em São José dos Pinhais, os bombeiros precisam cuidar do aeroporto e de quatro distritos industriais”, ressalta.

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