Paralisação

Sismuc desobedece Justiça e mantém greve dos guardas

Os guardas municipais de Curitiba prometem deflagrar a greve da categoria a partir da meia-noite de amanhã, apesar da existência de uma antecipação de tutela concedida pela pela 3.ª Vara da Fazenda Pública em favor da prefeitura de Curitiba e que impede a mobilização. Segundo o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), não haverá paralisação total e 30% do efetivo continuará trabalhando normalmente. O departamento jurídico da entidade vai recorrer da decisão judicial.

Os guardas municipais se concentraram no Centro Cívico, ontem pela manhã, e fizeram uma carreata pelas ruas do centro de Curitiba para alertar a população sobre os motivos da greve. Eles também colocaram caixões na Avenida Cândido de Abreu. Representantes da categoria estão acampados na entrada da Vara da Família, prédio localizado na frente da sede da Prefeitura de Curitiba. A vigília começou há vinte dias, com barracas no jardim da sede da administração municipal, que pediu a reintegração de posse do local. Eles mudaram de posição há uma semana.

No entendimento do Sismuc, todas as medidas foram tomadas na organização da greve para evitar problemas com a Justiça. De acordo com Alessandra Oliveira, diretora de comunicação do sindicato, as quatro Varas da Fazenda Pública de Curitiba, além da prefeitura, foram avisadas sobre a paralisação na última quinta-feira. “Nós vamos recorrer porque entendemos que estamos dentro da lei. Vamos manter 30% do efetivo e não haverá paralisação total”, argumenta.

Ela revela que muitos guardas municipais eram a favor da greve atingindo toda a categoria. Eles também estão descontentes com a administração da Secretaria Municipal de Defesa Social, com a qual a Guarda Municipal está vinculada. “Estamos aguardando a Prefeitura de Curitiba até o último minuto para chamar para conversar. Só ela pode evitar esta greve”, afirma Oliveira. A greve começa ainda na madrugada de segunda-feira e haverá uma concentração dos guardas municipais às 7h na Praça Tiradentes. Os guardas municipais pedem um salário-base de R$ 1,3 mil, além do adicional de risco. A prefeitura de Curitiba propõe um aumento salarial de 6% agora e o restante até abril de 2011 para chegar ao mesmo montante.

O Sismuc argumenta que a administração municipal está juntando o valor da gratificação para chegar aos R$ 1,3 mil de remuneração. A prefeitura informou que a proposta feita aos guardas municipais antecipa em um ano e oito meses o prazo previsto para chegar a este salário.

Polícia Civil acata decisão

Proibidos pela Justiça de fazer greve, policiais civis de Curitiba realizaram, ontem de manhã, um protesto na Boca Maldita. Eles instalaram uma catraca com o objetivo de ouvir a opinião da população sobre a segurança pública no Paraná.

Segundo o integrante da diretoria do Conselho Fiscal do Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol), Claudio Harmuch, a liminar que considera a greve ilegal, concedida a pedido do governo do Estado, será cumprida na íntegra. “Pela Constituição, todo mundo tem o direito de fazer greve, mas o entendimento da Justiça não é esse”, afirmou. Porém, a categoria não irá deixar de se manifestar.

“Vamos respeitar a liminar, mas não vamos deixar de expor os problemas que enfrentamos em nossa rotina profissional, entre eles a defasagem salarial e de pessoal”.

O presidente do Sinclapol, André Luiz Gutierrez, explicou que, atualmente, para ser policial civil é exigido terceiro grau e que o salário de ingresso na carreira é de R$ 1.955,00. “Enquanto isso, o salário de ingresso na primeira carreira de nível superior da Polícia Militar é de R$ 4 mil. Precisaríamos de um aumento de pelo menos R$ 2 mil para que a isonom,ia fosse garantida”, declarou.

A greve dos policiais teria início ontem. Porém, a 1.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba concedeu, na sexta-feira, uma antecipação de tutela determinando que os servidores não poderiam dar continuidade ao movimento. O setor jurídico do Sinclapol entrou na Justiça para tentar reverter a decisão que impede a paralisação. (Cintia Végas)