Servidores ameaçam radicalizar greve na UFPR

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sindtest), José Carlos Belotto, afirmou ontem que irá radicalizar a greve dos servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Belotto ameaçou paralisar as matrículas do segundo semestre e impedir a participação de funcionários na realização do Festival de Inverno de Antonina, promovido pela universidade, o que pode inviabilizar o evento.

O endurecimento, segundo o sindicalista, é uma retaliação à decisão do reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, em abrir processo administrativo contra servidores que atuam no centro cirúrgico do Hospital de Clínicas (HC), o que pode culminar em demissões. Na segunda-feira, Moreira, cumprindo uma determinação judicial que ordenou o fim da greve, havia ameaçado iniciar os processos contra os funcionários que faltassem nas áreas de urgência e emergência do hospital.

De acordo com o reitor, todos os servidores das áreas de emergência voltaram ao trabalho, com exceção do centro cirúrgico, onde até a tarde de ontem, doze dos cerca de 90 funcionários faltaram. ?Já enviei o nome deles à procuradoria federal e abri uma comissão para iniciar o processo administrativo. Esses funcionários poderão, inclusive, sofrer processos éticos em seus conselhos de classe?, disse Moreira, que completou que alguns poucos servidores continuam em greve em áreas de apoio do HC, mas que estes não sofrerão estas sanções.

?Essa medida decreta a volta à escravidão, acabando com o direito constitucional à greve. Os servidores são obrigados a voltar ao trabalho mesmo em condições insalubres e adversas?, contestou o presidente do Sinditest, apesar de o próprio sindicato ter orientado os funcionários do HC a voltarem a seus postos na quarta-feira, após a ameaça do reitor.

Segundo Belloto, o Sinditest não tinha contabilizado quantos servidores faltaram ao trabalho ontem no HC, mas que irá defender juridicamente todos os que forem processados. ?Não se sabe nem porque eles faltaram. Muitos podem estar doentes, já que o índice de faltas no HC por este fator é elevadíssimo?, disse.

Hoje pela manhã o Sinditest realiza uma manifestação em frente ao HC para protestar contra a decisão da reitoria. A seguir os grevistas fazem uma assembléia para analisar propostas do governo federal feitas em uma reunião realizada ontem, em Brasília, entre Federação de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra) e os Ministérios do Planejamento e da Educação. Os servidores da UFPR aderiram ao movimento nacional encabeçado pela Fasubra reivindicando, entre outras, mudanças no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e reposição salarial.

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