Depois de vinte anos pedindo providências da prefeitura para aumentar a segurança na travessia de pedestres na rápida do Portão sentido Centro, no cruzamento das ruas Eduardo Carlos Pereira e Maranhão, o único avanço registrado por comerciantes e moradores da região foi a instalação de três jogos de semáforos, em setembro deste ano. Só que até agora, dois meses depois, os equipamentos não entraram em funcionamento. E a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) não tem sequer uma previsão concreta para que isso aconteça.

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Marco André Lima
Espera por semáforos que realmente funcionem já dura duas décadas.

Quem acompanha todo o histórico de protocolos e abaixo-assinados encaminhados à prefeitura ao longo desses anos diz que só falta pintar as faixas de sinalização para que o local garanta a mínima segurança para quem quer atravessar a rápida pela rua Maranhão sem ter que subir 500 metros até o sinaleiro do cruzamento com a Avenida Presidente Kennedy e, depois, descer mais 500 metros para tornar a trafegar pela via escolhida. “Pode parecer pouco essa distância, mas a região possui muitas pessoas de idade. Minha avó, por exemplo, tem 80 anos, ou seja, isso dificulta muito a mobilidade”, explica o auxiliar administrativo Márcio Tarcizo Ferrazza Filho, 35 anos.

O aposentado Pedro Batista, 77, que há 20 anos mora em um condomínio da rua Maranhão, confirma a dificuldade gerada pela falta do sinaleiro. “Para quem tem idade é difícil fazer todo esse desvio e arriscar atravessar correndo é impossível. Isso complica muito a vida de quem precisa ir ao açougue, farmácia, ou até mesmo ao terminal de ônibus, pois tudo se concentra para o lado da República”, explica.

O proprietário da banca Anjho, Olivio Corrêa, que há 15 anos trabalha nesse cruzamento, mas no lado oposto ao da Avenida República Argentina, comenta que além desse problema afetar o volume de vendas, ainda existe todo o desgaste provocado por testemunhar uma série de acidentes e atropelamentos. “O último atropelamento fatal foi de um cliente que todo dia vinha comprar jornal aqui. Isso faz dois anos e as câmeras da banca flagraram tudo, foi muito triste. E mesmo com pelo menos cinco mortes que contabilizei aqui e toda a mobilização da comunidade, esperamos há mais de uma década para que, finalmente, fossem instalados os semáforos, mas parece que esqueceram a parte mais simples, que é pintar a sinalização e colocá-los em funcionamento”, critica.

Marco André Lima
Cruzamento se tornou um problema no bairro.
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“Há cinco anos organizamos um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas e entregamos para um vereador da região, que só atendeu a gente antes das eleições”, acrescenta Corrêa. “Desta vez, instalaram antes do primeiro turno os equipamentos para depois das eleições nem voltarem para ligar”, comenta o técnico em ótica Paulo Ricardo Pinto, 49. O dentista Antônio Luís Xavier, 56, que atravessou correndo a via enquanto a reportagem da Tribuna estava lá, reconheceu o risco. “Já passou da hora de arrumarem isso, pois só lembram daqui para ganhar voto e quem vive aqui nem sempre tem tempo de andar mais duas quadras para atravessar”.

Sem data

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A Setran informa que a instalação de um semáforo em uma região demanda outras alterações na estrutura local da sinalização de trânsito, como mudanças de sentido de ruas, retiradas de lombadas e novas sinalizações, entre outras mudanças.

No caso dos semáforos citados, a pasta ressalta que ainda estão sendo analisadas e preparadas as estruturas para as alterações necessárias. Segundo a secretaria, outras regiões com novos semáforos estão na mesma situação e devem ser atendidas antes desses semáforos do Portão. “Eles estão na programação, mas ainda sem uma data confirmada para a implantação”, diz a nota enviada ao Paraná Online.

Marco André Lima
Atravessar a rua é um exercício de paciência e sorte.