Sem-teto invadem prédio e exigem ações da Cohab

Cerca de quarenta sem-teto invadiram o prédio da Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab-CT) ontem pela manhã para forçar uma audiência com a presidente do órgão. Eles exigiam uma audiência com um responsável do órgão ou a presença do prefeito Cássio Taniguichi. A invasão foi comandada pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia, mesma entidade que promoveu a ocupação do prédio do Banestado, no centro de Curitiba, há mais de um mês.

Carregando bandeiras vermelhas com o símbolo do movimento, as pessoas chegaram por volta das 7h30 na sede da Cohab, na Rua Carlos Cavalcanti. Cerca de uma hora depois, representantes do movimento foram recebidos pela presidente da Cohab, Teresa Oliveira. Os manifestantes protocolaram um documento no órgão exigindo que as famílias que estão inadimplentes com programas de habitação do município não sejam despejadas. Além disso, querem que em trinta dias sejam disponibilizados lotes para quinhentas famílias, em áreas comunitárias com infra-estrutura para desenvolver projetos de geração de emprego e renda.

Depois da audiência, o representante do Movimento, Anselmo Schertner, disse que não existe acordo possível com a Cohab. “Eles desenvolvem um programa de exclusão social, e querem assentar famílias longe dos centros urbanos”, acusa. Ele defende um programa que chamou de reforma urbana de Curitiba, onde as famílias que precisam de moradia seriam instaladas em áreas próximas ao centro da cidade.

É o que pretendem fazer com o prédio do Banestado. No local já estão morando cerca de vinte famílias. Segundo Schertner, além das moradias, o prédio vai funcionar como um centro de formação e contar com cybercafé ? local com computadores e acesso à internet ?, ou ainda um bar, cuja a renda será revertida para fundos de manutenção do prédio. Depois de deixaram a Cohab, por volta das 10h30, os sem-teto foram para a Assembléia Legislativa tentar um encontro com o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, que estava em Curitiba.

Radical

A presidente da Cohab, Teresa Oliveira, avaliou como ilegal a invasão do prédio. Para ela, a forma de atuação do movimento está ultrapassada “e vai na contramão do que defende o PT”. Segundo a presidente da Cohab, a melhor maneira de resolver o problema de moradia em Curitiba seria o movimento se unir com o órgão público para lutar pela liberação de recursos. “Mas ao invés de união eles preferem o confronto”, disse. Em junho, os sem-teto também tentaram invadir o prédio da Prefeitura, e Teresa atendeu alguns representantes. “Já conversamos com eles e explicamos o que estamos fazendo, mas enquanto eles estiverem na ilegalidade não vai haver conversa”, afirmou.

Existem hoje 60 mil famílias inscritas para Cohab à espera de moradia. Segundo Teresa Oliveira, o órgão vem, na medida do possível, tentando atender essa demanda. Ela afirmou que estão sendo assentadas cerca de 4.300 famílias em áreas nas localidades de Chapinhal, Terra Santa, Pantanal e Bela Vista. Além disso, estão tentando regularizar a situação das 3 mil famílias que moram na invasão da Audi/União, entre a BR-277 e Avenida das Torres. A Cohab também está tentando viabilizar a participação de famílias no programa de arrendamento residencial, da Caixa Econômica Federal, assim como, em lotes urbanizados voltados para famílias com renda de até três salários mínimos, com prestações que variam de R$ 59,00 a R$ 70,00.

Voltar ao topo