Sem-terra permanecem acampados na PR-463

As famílias de trabalhadores rurais semterra que deixaram a fazenda Pitanga, em Uniflor (a 49 km de Maringá, no Noroeste do Estado) anteontem, permanecem acampados na rodovia PR- 463, que liga Nova Esperança a Colorado. Cerca de vinte homens do 8.º Batalhão da Polícia Militar de Paranavaí estão fazendo policiamento na região. A situação é considerada tranqüila no local.

Os sem-terra estavam na fazenda desde a última terça-feira, mas na madrugada de sexta, um grupo encapuzado invadiu o acampamento tentando inibir as famílias disparando tiros de revólveres. O integrante do MST Emílio José Teixeira, de 24 anos, foi ferido com três tiros. A desocupação da fazenda aconteceu pela manhã, depois de duas horas de negociações com a PM.

As mais de cem famílias prometem ficar acampadas na rodovia – cerca de cem metros da fazenda Pitanga -até que seja desapropriada uma área na região para assentamento. O coordenador regional do MST no Noroeste, Valmir Stronzake, disse ontem que o movimento tem esperança que o governo irá encontrar uma local definitivo para as famílias. “Nós confiamos no governo Lula, pois os latifundiários não querem negociar, só querem a violência”, disse. Ele informou também que o sem-terra baleado continua internado no Hospital Universitário de Maringá, em observação.

Um funcionário da fazenda Pitanga informou que estão sendo feitos levantamentos na área para saber quais foram os prejuízos causados pelos sem-terra durante os dias que permaneceram no local. Ele garantiu que parte da vegetação foi queimada e que foram danificadas as cercas que protegiam a propriedade.

Membros do MST dão aula para alunos do UnicenP

Os moradores de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Lapa, a 70 km de Curitiba, deram ontem uma “aula” para os alunos do quarto ano do curso de Pedagogia do UnicenP (Centro Universitário Positivo). Eles mostraram como conseguem conciliar a educação formal com os ideais da luta pela terra e o desenvolvimento da cidadania dos integrantes do movimento, principalmente as crianças.

O encontro no assentamento Contestado faz parte das atividades da disciplina de Educação e Trabalho do curso de Pedagogia. Segundo a professora Eliane Basílio de Oliveira, que coordenou a visita, o objetivo é observar os detalhes dessa proposta de educação vivida pelos sem-terra.

Cerca de quarenta crianças do assentamento freqüentam uma escola municipal de primeira a quarta série que a prefeitura construiu no local. Outras cinqüenta crianças estudam numa escola de quinta a oitava série fora do assentamento. “Os filhos dos sem-terra têm uma vivência diferente porque, além de aprender o que todas as outras crianças aprendem na escola, eles também participam de atividades que enfatizam a cultura e os ideais do MST, como assembléias e passeatas”, destaca Eliane Oliveira. Esse “grande poder educacional”, na visão da pedagoga, é que faz com que os pais garantam o futuro engajamento das crianças nas causas do movimento pela terra própria.

Durante a visita, os alunos do UnicenP conheceram o assentamento e conversaram com os coordenadores do MST sobre a organização, o funcionamento e as dificuldades dessa prática alternativa de educação.

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