Sem terra desocupam fazenda no Norte do Paraná

Após cerca de dez horas de negociação com a Polícia Militar, os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do acampamento Quilombo do Palmares concordaram em deixar pacificamente a fazenda Santa Terezinha, em Paranapoema, no Norte do Estado, ocupada desde 2003. Neste mesmo ano, os proprietários conseguiram na Justiça um mandato de reintegração de posse, mas que só foi cumprido ontem pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Os agricultores começaram a desmontar os barracos e pediram prazo de três dias para desocupar totalmente a área. Eles estão indo para um assentamento próximo do local.

O clima foi tenso durante todo o dia de ontem. A reintegração de posse começou a ser cumprida às 6h30. Cerca de 1,5 mil policiais foram deslocados para participar da ação e tiveram dificuldade para chegar até o local onde os sem terra estavam acampados. Os trabalhadores rurais fizeram vários buracos na estrada e usaram arame farpado para impedir a passagem. Os policiais tiveram que usar um trator para nivelar a estrada.

Durante cerca de dez horas, os sem terra se negaram a deixar a área e um dos integrantes, que não quis ser identificado, disse por telefone: ?O clima está muito tenso. Os policiais estão a cerca de 20 metros do acampamento e a qualquer hora pode ter um conflito?. Mas por volta das 16h foi encontrada uma solução pacífica. Segundo um dos coordenadores estaduais do MST, Edson Bagnara, o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, prometeu em 90 dias encontrar uma área para assentar os trabalhadores. Mas a assessoria de imprensa do órgão não confirmou a informação e disse apenas que várias áreas estão em processo de negociação na região, mas não existe nenhum prazo definido.

Os trabalhadores rurais começaram a desmontar as barracas sob a supervisão dos policiais que acompanharam toda a ação. Os agricultores estão indo para o assentamento Mãe de Deus, que fica no município de Jardim Olinda. Segundo o MST, no acampamento estavam vivendo 800 famílias – cerca de 2,5 mil pessoas. A fazenda tem 570,8 hectares e é espólio de Mikio Maehara.

General Carneiro

Em General Carneiro os trabalhadores rurais do acampamento Primeiro de Maio concordaram em deixar o prédio da Prefeitura. Eles invadiram o local às 9h de segunda-feira e às 20h do mesmo dia, após negociação com as autoridades do município, que havia conseguido na Justiça um mandato de reintegração de posse, deixaram a sede e marcaram um encontro para ontem de manhã. Entretanto, a principal reivindicação dos trabalhadores não foi atendida. A Prefeitura desapropriou parte da Fazenda Zattar, ocupada pelo MST, para a construção de um aeroporto. Os trabalhadores querem construir no local um centro comunitário. A questão vai ser discutida novamente em até 30 dias. A construção de salas de aulas no acampamento também não foi atendida. Segundo o técnico administrativo Edmilson Eloy Gauer, a metodologia usada pelo MST é incompatível com a utilizada pelo município. Mas a Prefeitura se comprometeu a fazer campanha junto ao comércio local para conseguir a doação dos materiais de construção. 

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