Sem terra deixam clima tenso no oeste

Cerca de 40 famílias de sem terra ameaçam ocupar a Fazenda Trento, na cidade de Lindoeste, próximo a Cascavel. Na tarde de ontem, a situação era tensa. Os integrantes de um movimento que se intitula de bandeira branca – que é independente, não tendo qualquer vínculo ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – estavam posicionados ainda do lado de fora da cerca da fazenda, mas ameaçando entrar a qualquer momento.

De acordo com informações divulgadas pela Polícia Militar, que acompanha a situação, a tensão é gerada principalmente pela possibilidade de um confronto entre os sem terra. Isso porque outras famílias estariam tentando aproximação do grupo para ocupar em conjunto a fazenda, o que não foi bem aceito pelos primeiros ocupantes. A fazenda é propriedade de Antoninho Trento Filho – que não foi localizado pela reportagem. As ameaças estão sendo justificadas como pressão das famílias sobre o governo pela demora do processo de reforma agrária.

Para o superintendente do Incra no Estado, Celso Lisboa de Lacerda, apesar de a ocupação ainda não ter se concretizado, as ameaças em si criam tensão. "E se entrarem, correm risco", disse, já que a Fazenda Trento não é área de desapropriação. "O Incra cogitou comprar a terra, que é produtiva, mas o dono não quer vender", justificou.

Lacerda esteve com os sem terra no último fim de semana e tentou persuadi-los a respeito dos riscos da ocupação e do por que da demora nos processos de assentamento. "É um processo burocrático, mas é difícil fazê-los entender que temos de seguir a lei", avaliou. De acordo com o superintendente, o processo de compra de terra ou desapropriação pode levar de um ano a um ano e meio.

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