Sem-terra agridem jornalistas

Luiziana – A tentativa de plantio de soja na Fazenda Baronesa dos Candiais 2, em Luiziana, na região central do Paraná acabou em confronto. Os sem-terra, ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que ocupam parte da fazenda desde o dia 28 de abril, agrediram os funcionários do arrendatário da área, Valdomiro Bognar, e dois dos cinco jornalistas que foram registrar o fato. Eles destruíram os equipamentos fotográficos.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná divulgou nota repudiando a ação dos sem-terra. Na nota, o sindicato registra ainda que agentes do Serviço Reservado (P-2), da PM, que estavam na fazenda na hora das agressões, disseram terem recebido a recomendação de apenas “observar”. “O sindicato exige o respeito aos direitos constitucionais e reafirma que a sociedade democrática não pode de forma alguma conviver com atitudes de cerceamento à liberdade de imprensa”, diz a nota.

Apuração

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública, o secretário Luiz Fernando Delazari pediu apuração rigorosa do caso.

Por volta das 13h, cinco funcionários chegaram à propriedade com máquinas para o plantio em uma área distante de onde estão os sem-terra. O trabalho foi tranqüilo até por volta das 14h30, quando apreceu um grupo de aproximadamente trezentos sem-terra, segundo o correspondente do jornal Gazeta do Povo em Campo Mourão, Dilmércio Daleffe, com foices, facões e enxadas. Ele estava com outros quatro repórteres em um local mais alto. Quando viu que o grupo se dirigia ao trator, correu para fotografar.

Os sem-terra teriam agredido o tratorista sem sequer conversar. Eles perceberam que Daleffe fizera fotos e o atacaram. Ele conta que um outro grupo chegou por trás e já o derrubou. “Queriam pegar a máquina”, diz. Cerca de trinta pessoas juntaram-se sobre ele. “Quando não conseguia mais respirar acabei entregando a máquina”, conta. Os sem-terra retiraram o disquete, quebraram o equipamento e devolveram.Depois, Daleffe foi obrigado a ficar de joelhos, cercado por cerca de vinte sem-terra, que o xingavam.

O repórter cinematográfico da TV Carajás (Rede TV!), Richard Rogers também levou um tapa. Ele teve os equipamentos violados, assim como o fotógrafo do jornal Tribuna do Interior, Hermes Hildebrand. Sid Sauer, do site Boca Santa, também teve os disquetes roubados. Daleffe disse ter sido ameaçado com foices e enxadas e recebido várias pancadas e muitos chutes.

Daleffe fez exame de corpo de delito e registrou queixa na delegacia de Campo Mourão. Segundo ele, a queixa era contra o líder dos sem-terra no acampamento, Paulo Sérgio de Souza.

MST

Segundo o MST, o líder dos sem-terra teria sofrido um atentado no dia 14. Eles afirmam que o nome dele consta de uma lista de “marcados para morrer”. “E agora os latifundiários, querendo tirar a atenção da atuação de milícias armadas e das emboscadas e atentados que vem sendo realizadas na região, criaram o fato de hoje (ontem)”, diz a nota.

“Ressaltamos que o ocorrido hoje não é prática do MST, que sempre respeitou a liberdade de imprensa”, ressalta. “Foi uma ação isolada das famílias que estão vivendo um clima de pânico e pavor, provocado pelas ameaças e tentativas de assassinatos, que fazem parte da armação política dos latifundiários que querem impedir o avanço da reforma agrária pacífica e ordeira que vem acontecendo no Paraná.”

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