Sem acordo, greve no HC vai continuar até segunda

A greve dos funcionários celetistas do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) deve continuar pelo menos até a próxima segunda-feira. Ontem, a direção do hospital e do sindicato da categoria participaram de uma audiência conciliatória no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), mas não chegaram a um acordo. No próximo dia 26 o TRT vai julgar a causa.

Na sexta-feira (16) a direção do HC entrou com um pedido de liminar no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), tentando provar a ilegalidade da greve. Porém, o pedido não foi aceito, e os servidores e a direção do hospital foram chamados para uma audiência de conciliação no TRT. Mas não houve acordo porque ambas as partes não abriram mão das propostas e exigências apresentadas até agora.

Os servidores estão reivindicando um reajuste de 18,75%, já a direção do HC acena com a possibilidade de conceder até 7%. O principal argumento do sindicato em manter o índice é que o hospital possui uma receita fixa de R$ 49 milhões, e estaria gastando apenas R$ 22 milhões com a folha de pagamento. “Nessa conta tem uma diferença de R$ 27 milhões, o que demonstra que o hospital condições de dar o aumento de 18%”, frisou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Paraná (Sinditest), Antônio Neris.

De acordo com o diretor do Hospital de Clínicas, Giovani Loddo, o máximo que a instituição pode oferecer neste momento é R$ 100 mil/mês, o que representaria um gasto de R$ 1,2 milhões por ano com a folha. “Isso daria em torno de 7% linear, que o próprio sindicato teria autonomia para negociar com os servidores e ver qual a melhor forma de repassar esse valor”, explicou Loddo.

Boa parte da receita do hospital, segundo o diretor, não é fixa, pois vem de convênios esporádicos. Além disso, muitos valores estão pré-determinados para a compra de equipamentos e medicamentos. Na lista estão um tomágrafo, que custa cerca de R$ 1,8 milhão e a compra de remédios para leucemia mieloide crônica, orçada em R$ 2,5 milhões.

O diretor afirmou que o HC acumula dívidas que chegam a R$ 8 milhões – com a IBM, Copel, Sanepar e fornecedores. Ele revelou que tem priorizado o pagamento com os pequenos fornecedores, como os de alimentos e insumos. Em relação aos maiores, diz que continua rolando a dívida.

Grevistas invadiram a reitoria da UFPR

Funcionários em greve do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) invadiram a reitoria da universidade na manhã de ontem. Eles queriam ser recebidos pelo reitor, Carlos Moreira Júnior, que não estava no prédio. Os servidores alegam que só ele tem autonomia para decidir sobre o reajuste salarial da categoria, tema que motivou a paralisação.

Os servidores colocaram sacos de ração para cachorro em cima da mesa do reitor. “Isso é simbolizar a ?cachorrada? que estão fazendo com os servidores”, disseram os grevistas. A iniciativa irritou o reitor, que não concorda com a estratégia do servidores. “Eu não entendo o porquê dessa agressividade, pois estávamos agendando para hoje (ontem) uma reunião com representantes dos servidores, hospital e universidade para tentar encontrar um acordo”, disse. Moreira confirmou que estaria tomando medidas legais para a reintegração do prédio, e não descartou a possibilidade de haver punições. No final da tarde de ontem, os manifestantes deixaram a reitoria.

Serviços essenciais afetados

A direção do Hospital de Clínicas infomou que pela manhã 92 dos 1.361 funcionários aderiram à greve. O problema é que esses servidores são das áreas de manutenção, lavanderia e higiene do hospital, consideradas estratégicas para o funcionamento do hospital.

O diretor do HC, Giovani Loddo, disse que por enquanto isso não chegou a afetar os serviços, mas se a greve continuar, terá que pedir apoio dos outros hospitais e reduzir os atendimento à população. “Não podemos colocar em risco a vida dos pacientes”, afirmou. Os servidores afirmaram que até ontem o HC estava com 411 pacientes internados e 149 leitos vagos. Eles ameaçam responsabilizar o hospital se mais pacientes forem admitidos.

Os servidores que aderiram à greve são celetistas, contratados através da Funpar.

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