Esperar. Para os professores e funcionários da Rede Estadual de Ensino esse é o verbo que define os últimos três anos no que se relaciona ao cumprimento dos 50 itens reivindicados sistematicamente pela categoria e que, mais uma vez, desencadeou em uma greve iniciada ontem. Segundo o governo, os avanços da categoria desde 2011 representam um aumento de 61% na folha de pagamentos da educação. E esses dois entendimentos impediram que as mais de duas horas de reunião na tarde de ontem evitassem que as escolas estaduais continuassem em greve hoje.

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Uma nova rodada de negociação na Secretaria da Administração e Previdência (Seap) está programada para hoje. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação (Seed), da pauta de 14 itens tratados como emergenciais pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), seis serão analisados sob o aspecto da viabilidade financeira e legal. Entre eles o valor do piso salarial, progressões e promoções, outros 33% de hora-atividade (tempo recebido pelos professores sem a interação com o aluno), desconto do auxílio transporte por licença médica, o aumento salarial para funcionários (que não são professores) e o pagamento do profissional Processo de Seleção Simplificado (PSS) pela habilitação.

A presidente da APP Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, o fim da greve depende de avanços imediatos para os itens emergenciais. “Mais uma vez vamos esperar o governo avaliar as contrapropostas da categoria, inclusive, sobre temas já acordados e que deixaram de ser implementados pelo governo”, comentou.

Mobilização

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Segundo a direção da APP-Sindicato a adesão dos professores e funcionários das escolas estaduais ficou entre 70% e 80% no primeiro dia de greve. A Seed explicou que apenas 25% das escolas aderiram totalmente à paralisação. Ou seja, neste segundo dia de greve a recomendação aos pais e estudantes é verificar como estão procedendo os professores de cada instituição de ensino. Isso porque só serão repostas as aulas dos professores paralisados.

“Paralisação inevitável”

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Em Curitiba, os professores montaram um acampamento em frente ao Palácio Iguaçu e não pretendem sair de lá até o fim das negociações. O professor de Sociologia do Colégio Estadual do Paraná, Murilo César Erhig, que está há 21 anos na rede estadual de ensino, afirma que a greve foi inevitável.

“A forma como o governo conduziu as nossas questões levou a greve. Além de dever mais de R$ 100 milhões em promoções e progressões, neste ano, quem fica em licença médica tem desconto no auxílio transporte”, contesta.

Ele conta que está com problema no nervo ciático, mas continua se submetendo a jornada de trabalho. “Faz mais de dois meses que trabalho com dor, esperando a data da consulta com o especialista, que só consegui para o dia 15 de maio. O jeito é trabalhar com dor para não ter desconto e sem saber a gravidade da lesão porque o plano de saúde que o estado oferece não funciona”, relata.

A pedagoga Elisane Fank reforça as críticas ao que considera como “desmonte pedagógico”. “É um governo que descumpre a legislação vigente e não consegue oferecer nem um plano de saúde capaz de dar conta da saúde dos professores”.

A professora de Arte Daniele Franco acrescenta que tais ações refletem na educação ofertada. “Preocupa a relação de mentiras travada pelo governo para a educação, algo decisivo para o futuro do estado”.

Marco André Lima

Professores pedem atenção às demandas da categoria.