Seis milhões de idosos sustentam parentes

Rio 

? Quase 6 milhões de idosos brasileiros têm filhos e outros parentes sob sua responsabilidade e vivem com eles na mesma casa. O percentual de idosos chefes de família passou de 60,4% em 1991 para 62,4% em 2000.

Mas a renda do chefe de família de 60 anos ou mais é bem menor do que a do total de chefes de família do País. Enquanto os responsáveis por domicílios de todas as idades ganham R$ 769 mensais em média, os da terceira idade recebem R$ 657. A pessoa-referência da família responde, em média, por 70% do orçamento familiar.

Embora tenha diminuído, ainda é muito alto o índice de idosos que recebem até um salário mínimo. São 39,8%, ou 3,5 milhões de chefes de família com 60 anos ou mais que vivem com menos de R$ 200 mensais, em valores de hoje. Em 1991, esse porcentual chegava a 45,8%. Na área rural, chega a 65% o índice de chefes de família idosos que vivem com até R$ 200 mensais.

Um dos fenômenos registrados pelo estudo Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o crescimento do número de netos e bisnetos que vivem com os avós e, em geral, são sustentados por eles. Em 1991, eram 2,5 milhões de netos e bisnetos e passaram a ser 4,2 milhões em 2000. Do total de pessoas que vivem com o responsável no País, 8,8% são netos ou bisnetos. No início da década, eram 6,8%.

Renda

A boa notícia para os idosos é que eles tiveram o maior crescimento de renda, no universo dos chefes de família. O rendimento dos idosos que comandam famílias aumentou 63%, enquanto o de todos os responsáveis por domicílios ficou em 41 9%.

Especialmente na área rural, os idosos foram os mais beneficiados. Enquanto todos os chefes da família rurais tiveram aumento da renda de 52,6%, o crescimento apenas na renda dos idosos foi de 76,8%, graças, principalmente, à universalização da aposentadoria rural, que passou a ser paga também para os trabalhadores que não contribuíram para a previdência.

Embora, seguindo a tendência de urbanização, tenha diminuído o número de idosos que vivem na zona rural, de 23,3% para 18,6%, os que continuam no campo vivem melhor do que no início da década. A renda do idoso que vive em áreas rurais, porém, ainda é muito menor do que a daquele que vive nas cidades ? diferença de 40%. São R$ 739 mensais contra R$ 297.

Independência

Os dados mostram, por um lado, a crescente independência do idoso, refletida no aumento de 60,4% para 62,4% do porcentual de idosos que são referência no domicílio onde vivem, ao mesmo tempo que reduziu a proporção dos que vivem e provavelmente dependem economicamente de filhos de outros parentes, passando de 17,3% para 15,1%.

Se por um lado o estudo revela a maior autonomia dos idosos, por outro pode também indicar a maior dependência dos filhos em relação aos pais, por falta de oportunidade de obter renda própria.

Os homens ainda são a grande maioria entre os chefes de família idosos, mas o número de mulheres responsáveis por domicílios vem crescendo. Hoje, do total de idosos responsáveis, 62,4% são homens e 37,6% mulheres. Há dez anos, eram 68,1% para 31,9%.

Do grupo de 8,9 milhões de idosos chefes de família, 17 9% vivem sozinhos; 17% moram com o cônjuge, 54,5% vivem com os filhos e 11% moram com outros parentes ou acompanhantes.

Paraná tem 809 mil na terceira idade

Lyrian Saiki

O Paraná tem 809.431 habitantes com mais de 60 anos de idade, o que representa 8,5% da população do Estado. Desse total, 490.921 são responsáveis pelo domicílio em que vivem. Os dados foram divulgados ontem na publicação do IBGE. De acordo com o levantamento, a população com mais de 60 anos de idade representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas , ou seja, 8,6% da população brasileira. Desses, 62,5% são responsáveis pelos domicílios A expectativa é que em 2050 um quinto da população seja de idosos.

Em quantidade, o Paraná é o sexto em terceira idade, perdendo para São Paulo (3,3 milhões), Minas (1,6 milhão), Rio (1,5 milhão), Bahia (1,07 milhão) e Rio Grande do Sul (1,06 milhão). Já em proporção com o número de pessoas que vivem no Estado, o Paraná passa para a nona posição. Os líderes são o Estado do Rio e o Rio Grande do Sul.

Quanto à renda dos idosos, o Estado ocupa o oitavo lugar, com média de R$ 638,00 -um pouco abaixo da média nacional que é R$ 657,00 e ainda mais aquém de Distrito Federal, que lidera o ranking com R$ 1.796,00, seguido pelo Rio, com R$ 1.018,00. Com relação à escolaridade, o Paraná se destaca na sexta posição, com 3,2 anos de estudos. A média nacional é 3,4 anos.

Acesso à saúde

Para a médica mestre em Gerontologia, Luciana Amaral, que atende no Hospital de Clínicas, em Curitiba, o aumento da população idosa no Brasil está relacionada principalmente ao acesso à saúde e mais medicamentos. “Hoje há mais exames preventivos do que antigamente e as condições de saneamento básico também vêm melhorando. Mas não há como comparar os velhos que vivem no Sul com os que são do Norte e Nordeste, porque aqueles a genética ajudou muito”, comenta. Para ela, no entanto, o avanço na medicina não é o fator preponderante na qualidade de vida. “Falta material humano, pessoas treinadas em cuidar deles, em tratá-los bem”, aponta. “Os idosos estão carentes de contato humano.”

Fenômeno mundial

O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é um fenômeno mundial e está ocorrendo em um nível sem precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano.

As projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1,9 milhão de pessoas, montante equivalente à população infantil de 0 a 14 anos de idade. Uma das explicações para esse fenômeno é o aumento, verificado desde 1950, de 19 anos na esperança de vida ao nascer em todo o mundo. Os números mostram que, atualmente, uma em cada dez pessoas tem 60 anos de idade ou mais e, para 2050, estima-se que a relação será de uma para cinco em todo o mundo, e de uma para três nos países desenvolvidos.

Ainda segundo as projeções, o número de pessoas com 100 anos de idade ou mais aumentará 15 vezes, passando de 145.000 pessoas em 1999 para 2,2 milhões em 2050. Os centenários, no Brasil, somavam 13.865 em 1991, e já em 2000 chegam a 24.576 pessoas, ou seja, um aumento de 77%.

Avós revivem emoção da maternidade

Elizangela Wroniski

Hoje é comemorado o Dia da Avó. Muitas mulheres ? algumas que inclusive não se encaixam no perfil tradicional de avó ? estão estreando na função. Para elas, pegar o neto no colo é reviver a emoção do nascimento do primeiro filho.

Vera do Rocio Barbosa, de 51 anos, entrou para a confraria das avós na semana passada, com o nascimento de Erick. Conta que a emoção é maior do que a que sentiu quando os filhos nasceram. “É filho do filho da gente”, diz. Ela também fala que ficou preocupada com o tipo do parto. “Os meus foram normais, fiquei receosa quando soube que era cesariana.”

Ao contrário do que muitos pensam, Vera diz que não sentiu a idade pesar com a chegada do neto. “Estou me sentindo mais menina, parece o nascimento do meu primeiro filho”, compara. Quanto a educação do netinho promete que não vai mimá-lo.

Luísa Odilete Campos vive a mesma emoção. Ela mora no Rio Grande do Sul e veio especialmente para a chegada de Thales Sossela Campos, esperou ansiosa o nascimento. Ao contrário de Vera, diz que vai ser bem “corujona”. “Não vou poder curtir muito. Mas no fim do ano eles vão para lá e vou mimar um montão”, promete.

A outra avó de Thales é Cleiry da Silva Sossela. Ela não é mais marinheira de primeira viagem, pois tem outra neta de 7 anos. Será dela a missão de ajudar na hora do banho e da troca de fraldas.

Edna Gomes, 61, também reforçou o título de avó ontem com a chegada de seu segundo neto, Nathan. “Para mim a emoção é igual a do primeiro filho.” Na maternidade, filmou e fotografou várias vezes o netinho. “Tenho fitas desde o início da gestação”, revela.

Alguns dos problemas das avós é que elas se apegam aos netos e sofrem com a ausência deles. Edna mora em Belo Horizonte e conta que vive na ponte área: a cada 15 dias vem a Curitiba. “Eles moravam lá, comigo, e de repente vieram para cá. Não dá para ficar longe.”

Apesar de coruja assumida, afirma que não vai exagerar nos mimos. “Não gosto de criança mal-educada. Tudo tem que ter limite.”

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